quarta-feira, 12 de junho de 2019

PATRIMÔNIO: UM BOM EXEMPLO




🏦🏚️ PATRIMÔNIO 🏦🏚️

UM BOM EXEMPLO

Angra dos Reis-RJ

🎨1- Ambientação urbana atual

Na mesma semana que um imóvel artificialmente antigo, mas que fazia belo conjunto arquitetônico na Praça Nilo Peçanha (praça da prefeitura)foi destruído sem alvará sequer para a obra e os fiscais municipais inúteis e suspeitos (de forma reiterada), cometem crime de Prevaricação (art. 319/Código Penal)...temos mais um bom exemplo de criatividade e cidadania: o proprietário permitiu a pintura de mural artístico ems imóvel antigo na rua Antônia de Vilhena, 07.

🎨2- Propostas e idéias

Ainda que de gosto discutível, pois seria melhor um estudo das cores e tendências da Arte Déco, típica dos anos 1930, trata-se do que chamamos "intervenção artística", que tem realmente a função de choque e assim, valorizar ambos os estilos, num diálogo de contemporaneidade com o histórico.




⚠️Único pormenor que nós, técnicos e acadêmicos-historiadotes podemos lançar, é que esse rosa não é adequado, podendo ser um tom pastel.

🎨3- Temática escolhida:
A temática está coerente com a região, como ambiente marinho, mulheres de cabelos crespos(brasileira) e tropicalidade.

Mas, parabéns , David Pedrosa e equipe!

VISITA AO SÍTIO ARQUEOLÓGICO DO ARIRÓ





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VISITA AO SÍTIO ARQUEOLÓGICO DA VILA DO ARIRÓ.
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1💠
RESUMO

Neste sábado (08/06), fomos visitar a capela Nsa. Sra. da Lapa, no bairro Ariró, as margens da BR101, -22,9095082, -44,3311449, onde assistimos a Missa com a Comunidade local e fui as ruínas ao lado da capela. Ainda voltaremos para visita técnica. 

2💠 
HISTÓRICO REGIONAL

Citada a primeira vez em  1557, quando o alemão Hans Staden, publica seu livro "Viagem ao Brasil", no Capítulo 28, do Livro I,contando como ficou prisioneiro entre os Tamoios/Tupinambás, citando que o grande Morubixaba(líder) nativo Cunhambebe tinha sua principal maloca. Hans chama ,na sua interpretação literal e auditiva do que ouviu entre os indígenas de "Arirab".





Porém, é do século XVII,mas principalmente da segunda metade do séc. XVIII ao XIX que a região do Ariró e Bracuhy se destaca como principal porto de escoamento e cabotagem de todo a colônia e Império do Brasil .


Os caminhos antigos são mapeados e cortam as montanhas de florestas tropicais e escuros vales entre penhascos da Mata Atlântica, levando e trazendo escravos, tropeiros(inclusive meu bisavô Seu Gito/Hermegisto), animais de corte(suínos, galináceos...), índios idosos, tecidos, peixe, quinquilharias diversas, café, cachaça, ouro e pedras preciosas.

O porto da área da foz do Rio Jurumirim se torna um expoente comercial, incentivando inclusive os fazendeiros com apoio governamental, a refazerem as trilhas e implantarem técnicas de arquitetura pesada e engenharia construtiva, com colocação de estrado de pedra e estradas largas e até pedágio/escritório fiscal e Guardas .

Vai-se escalés, caíques e cutteres carregados de gente e coisas, pelo Rio Jurumirim e Ariró.

Diversas fazendas de café e cana, outros engenhos e capelas iam se espalhando.

🛑Ali especificamente havia a sede de uma fazenda até às primeiras décadas do século XX.
Fazenda dos  padres carmelitas


3💠
DESCRIÇÃO GERAL DAS CONSTRUÇÕES MEGA.

A sede atual da capela parece ser moderna, provavelmente da primeira metade do século XX (anos 50/60 ou até mais), tendo ampliação nos anos 2000, com acréscimo de uma Capela do Santíssimo, banheiro e Sacristia ao lado direito (mesmo lado das ruínas)e do lado esquerdo, um Salão Paroquial (reuniões, festas etc).


Entretanto , o perímetro de interesse arqueológico se constitui em um terreno contíguo a capela, com aproximadamente 25m/frente X 40m de lado, tendo apenas 3 paredões ainda eretos, sendo dois com 6m de distância entre eles e um mais afastado com também uns 5-6m (conforme esboço em anexo), sendo no método construtivo de cangicado, embora com muitas rachaduras, vãos feitos por árvores e aparentemente pouco indício de revestimento de embolso, mormente de conceitos com liga, provavelmente de óleo de baleia, o que remete a lapso temporal muito antigo.

Tanto a capela contemporânea quanto essas paredes, estão numa espécie de platô, carecendo ainda de mais estudos para saber se natural ou artificial. A igreja moderna está voltada para o centro do vilarejo( NE) mas os paredões , por não sabermos a entrada do recinto, não temos exato a direção.

🔹3.1-PAREDÕES:

Trata-se de técnica construtiva com montagem de grandes blocos graníticos variáveis com média entre 100cm x 20cm e o restante da parede com argamassa simples de barro e pedras menores na modalidade cangicado.





Essas muralhas tem em torno de 60cm de profundidade, 200 a 250cm de base e altura de uns 6-8 m. 

Não detectei trabalho de cantaria.

Há potencial de jazida arqueológica.

🔹3.2- ALTAR -MOR E SUA TALHA:

De madeira, mas talvez base de argamassa, tem manufatura pictórica nos tons azul, branco e dourado.

O estilo é da tipologia barroco /rococó, de boa rebusquez, aparentando ser de alguma outra capela rural mais antiga . Entretanto não podemos ainda afirmar serem as muralhas do sítio arqueológico os resquícios de uma construção de uso religioso.

Este retábulo apresenta requinte nos elementos formais de arte, com duas colunas da ordem coríntia mesclada com dórica, colunas essas, caneladas, encimadas com misulas e no topo do altar, um resplendor mariano.

Possui trono e nicho central, além da mesa do altar.

4💠 
PERCEPÇÃO ANTROPOLÓGICA

Eu conheço essa Comunidade Católica e essa região geográfica há mais de 25 anos. São muito participativos e alegres .

Mas alguns destaques são importantes:

🔹4.1-MUSICALIDADE:

Um dos detalhes mais bucólicos é que eles usam a sanfona como complemento aos violões, durante o culto divino, dando uma sonoridade  típica. Aliás, há muito tempo não vejo um povo tão alegre , cantante e participativo.

Foram acolhedores desde nossa chegada e parecia que éramos moradores há décadas.

🔹4.2- ORGANIZAÇÃO:

Desde as indumentárias ritualísticas da liturgia, da divisão espacial a própria manutenção, tudo é muito bem feito.

É uma capela rural, sem altares laterais, mas as luminárias por exemplo são lustres ao estilo colonial.

💠5
 EPÍLOGO

Foi uma experiência pastoril, inclusive porque o crepúsculo outonal estava com o céu totalmente azul, com nuvens laranjas ...dando um aspecto de comunhão entre as cores do altar e as cores da natureza.

Ao longe, o imponente Pico do Frade com uma auréola alaranjada completava o cenário .

Pesquisei algumas fontes bibliográficas para tentar coletar mais informações historiográficas, como o livreto do Projeto Memória e História, dos anos 2000, feito pela Secretaria Munic. Educação, com textos, entrevistas e desenhos de alunos da rede de vários bairros, mas não achei sobre o Ariró.

Enfim, um local de antiga presença humana, que merece pesquisa mais aprofundada.

Carlos Eduardo

08/06/19














sábado, 8 de junho de 2019

FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO EM ANGRA: PATRIMÔNIO DE QUEM?




🕊️🔥✝️ARTIGO

FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO:
 PATRIMÔNIO DE QUEM?

1⚜️DEBATE

Uma festividade solene, com simbologia rica tanto universal quanto eleitos antropológicos locais, com origem lusitana, mas adaptada durante séculos a natureza  muito alegre e cenicamente atraente.
Mas que, tanto pela desfiguração cultural dos últimos 60 anos e a decadência urbana que Angra sofreu , tanto de forma indireta no sentido da superposição migratória quanto de forma pensada para a extinção étnica do povo caiçara.

2⚜️ DIAGNÓSTICO

🔥FESTA REGIONAL; EXCLUSÃO SOCIAL:A participação popular não existe ou vem caindo expressivamente há uns 20 anos; embora uma festa de origem paroquial no Centro, é um investimento municipal , mas sem divulgação , os bairros e Distritos ficam alijados e excluídos.
🔥 TRADIÇÃO VIVA OU OBRIGAÇÃO?Prefeitura(Secretaria de Cultura ) organiza e investe dezenas de milhares de R$ de dinheiro público, meramente por obrigação. 
Funcionários desanimados.
🔥 ESVAZIAMENTO
OU INCOMPETÊNCIA?
Por força das seitas "vangeca" quanto pela violência urbana, além do próprio esvaziamento e descrédito do catolicismo, a representatividade dos arquétipos ali representados está explicitamente decadente; a própria auto identidade dos festejos praticamente se resume a pequenos grupos de idosos saudosistas. Até politicamente perdeu  importância, onde sequer se vê vereadores, secretários municipais etc, o que outrora era espaço social disputado.

🔥 ARROGÂNCIA:
Com enorme potencial turístico, o costumeiro vício do provincianismo e a incompetência dos agentes públicos, não transforma o Pentecostes angrense num produto vendável, atrativo auto sustentável, ao contrário de cidades gaúchas, do litoral paulista e nordestinas...o administrador angrense não é viajado, não se intercambia e é petulante. Não aprende nada...nem com seus mestres do turismo receptivo: os paratienses !

🔥ACERVO DESTRUÍDO E SEM PROTEÇÃO:
A musicalidade, em partituras feitas por compositores populares, com marchas, motetos e  dobrados, como o mestre Farias e o pai da esposa do prefeito, Célia, estão até hoje na "posse" de uma banda particular, que todo ano praticamente impõe sua contratação a preços exorbitantes.Essas músicas devem estar protegidas por lei e deve haver todo ano minimamente
Tomada de Preços com vasta divulgação;proposta nossa há anos. Já a indumentária tradicional das Danças, como Coquinhos,Lanceiros, Jardineiras, Velhos e Marujos além da Corte, ficam jogadas, comidas por insetos e mofo, no Convento São Bernardino, onde é o Depto. de Patrimônio Cultural da PMAR. Um arquivo  técnico, com exposição permanente é urgente e  seria o mínimo.
Além disso, um padrão básico de  vestimentas estabelecido por decreto , inclusive nas cores, protegeria essa arte popular de invencionices e deturpação futura de rompantes de secretários municipais ou políticos ou intelectualoides.



3⚜️RESUMO

Enfim, a transição de pequeno vilarejo de pescadores para uma cidade média,a invasão de grupos étnicos alienígenas, como turcos e libaneses, que destruíram diversos prédios históricos belíssimos, para fazer quitandas infectas, impondo uma cultura de comércio precário e explorador, além das migrações em massa, com favelização e uma economia fechada que impede a instalação de redes profissionais (como supermercados, lojas de grife, escolas privadas, universidades públicas e indústrias médias e pequenas), além da estagnação de no 15 anos sem novos hotéis...transformou essa Festa e o "produto Angra" em eventos caros e sem retorno simbólico ou prático e custeio elevado.


As procissões da Semana Santa, a Festa do Divino, etc são patrimônio cultural de quem?De empresários que ganham dezenas de milhares de R$ em montagem de tendas, a banda monopolista e sem sequer uniforme, que cobra as vezes 16 mil a 20 mil por festividade, ou serão as empresas de gente ligada a políticos que alugam som??
Porque o povo mesmo , nada vê de práticas estruturantes que visem o médio prazo.

www.iphar.org