sábado, 22 de novembro de 2025

IPHAR IDENTIFICA SÍMBOLOS AFRICANOS NA CASA DE CULTURA DA ILHA GRANDE, ANGRA DOS REIS-RJ.*

Fomos convidados para uma Roda de Conversa dentro da programação do 2⁰ Festival Negro da Ilha Grande nesse 20/11/25.





Como é de praxe, fizemos uma prospecção de campo na área e identificamos 2 Adinkras nas estruturas do prédio, que é do século XIX.





Feijoada gratuita a todos

café da roça

Eu, Jamaica e Cosme



Fizemos o anúncio durante a Roda, aos presentes. 

Aparentemente encaixamos a estilística nos Adinkras abaixo relacionados . 







🔆O IMÓVEL

Os ideogramas estão na estrutura metálica que fecham os vãos das portasg e janelas a moda de tecitura e também no óculo do frontão em arco.







O prédio foi usado como armazém de café, de cachaça e de outros afins comerciais .

Tem pé direito com mais 6m e esquadrias e gradis de ferro fundido.


🔆ADINKRAS, A LINGUAGEM DA SABEDORIA 

Durante o Reino Ashanti, que embora rivalizasse na região de Gana com outros Reinos por gerações, do século XVIII ao XIX teve seu auge, formando um império comercial, militar e cultural.






Assim, os Adinkras formam uma coleção de ideogramas com fundamentos sapienciais , sendo uma tecnologia de comunicação não-verbal.


 🔆DITADOS DE SABEDORIA





O (A) é traduzido como: "volte ao passado e continue para o futuro."

(B¹) : um símbolo Adinkra que significa " criança do céu" ou "estrela", representando a tutela e o amparo divinos.

Temos no (B), a mensagem: " "contador de estórias". 

Símbolo de astúcia e inteligência_ . Suas histórias mais famosas envolvem-no obtendo as histórias do deus do céu (Nyame) para compartilhá-las com a humanidade.

 

🔆OS ARTÍFICES

Importa ressaltar que dentre os milhões de escravizados que desembarcaram nas Américas, fortemente no Brasil, estavam muitos fabricantes expertos em metalurgia, serralheria, arte em pedra e outros profissionais com experiência nos diversos reinos africanos , incluindo arquitetura e ourivesaria.




Os colonos serviçais europeus e mamelucos por sua vez, não eram letrados e mesmo com tino comercial, eram broncos marítimos ou migrantes de áreas rurais da Europa. 


Assim, o linguajar simbólico nas construções era enxertado sem que os senhorios percebessem.

🔆RESULTADO

 




🔆EPÍLOGO

A participação do IPHAR no evento a convite da Sra. "Dinha", ativa liderança da causa negra mas também do movimento social geral, fez de nós muito mais do que emissores de um pretenso depositório de conhecimento...mas ao contrário, tanto pelas vivências multiplas ali partilhadas e sensações profundas afloradas, saímos com  mais uma linha de pesquisa aberta sobre a presença afrodiaspórica na Ilha Grande, dialogando com as estéticas imateriais contemporâneas , também as  pretéritas e as evidências físicas.

Quem aprende é quem mais ensina.


Carlos Eduardo

Prof.Lic.Hs.

Pres.IPHAR

20/11/25

🏛️🪘💜🔔🥁. *IPHAR PARTICIPA DO 1° ENCANTO/FLIB-FEIRA LITERÁRIA DE BANANAL-SP*

Neste fim de semana mergulhamos na cultura popular , nas artes, na arquitetura e até na gastronomia do Vale do Parahyba, especificamente na vetusta cidade de Bananal-SP e seu povo caipira acolhedor.

Foi  a 1° FLIB-Feira Literária de Bananal.


📚 *A motivação: amizade e sede de cultura

Prestigiando o meu amigo, Luiz Alfredo, jovem criativo e entusiasta da cultura da região, além dos heróis das artes e literatura Vanderleia do Casarão Lilás , as escritoras Minuca (Maria Lúcia) e a Luciana (Sciota), além da Silvia do Casarão, a guia Luzinete, os foliões de Reis, a artesã Vera  entre tantos novos amigos.



📚 *A chegada

No sábado, fizemos check in na pousada e logo fomos visitar o espaço do Casarão Lilás💜, mantido pela Vanderleia e sendo um casado de 1897. Ali encontramos a amável Silvia, que nos recebeu e logo fizemos amizade e ainda contou sobre sua ancestralidade de matriarcado de benzedeiras...









Pinturas originais em estudo...

Mulungu...



neoclássico


Ali , as paredes gritam História e causos!

 A FLIP nasceu de um curso dado pela Secretaria Estadual de Cultura , sobre Patrimônio Cultural (Gestão do Patrimônio) , que formou vários  moradores , especialmente sobre as oralidades, personagens populares e cultura imaterial.


📚 *A Fazenda dos Coqueiros: do menino de ouro, o leilão de escravizados e dos mistérios quânticos.*

Fomos após o almoço, visitar a já conhecida e querida por nós, Fazenda dos Coqueiros. Fizemos o tour com a guia e revisitamos espaços  afetivos (saudosa dona Beth) e históricos (senzala, pratarias, o poço da tortura , etc.


Senhor Bom Jesus

Simbolo da República...
mínimo de 100 anos!














 A Fazenda tem um acervo e coleção privada de milhares de peças arqueológicas e museus. Um verdadeiro tesouro acumulado por décadas, pelos proprietários.

O mais interessante é que, mesmo após o falecimento da Sra. Beth Brum, o foco continua sendo contar a potência de resistir e continuar sendo humano, dos escravizados...diante da animalidade e do sofrimento pelos barões, que sempre foi o objetivo dela manter as visitas.Ali, fui cercado por uma excursão e expliquei sensações e registros fotográficos _curiosos_ que fiz há uns 6 anos, quando após verificar as fotografias, identifiquei não vultos ou imaginações, mas fisionomias explícitas de pessoas, em vários ambientes :sensala do porão e  lavatório de café  . Ali estão homens com fraqueza e cartola, escravas , crianças e rostos  negros pesarosos...dona Beth sempre conversava comigo e inclusive identificara na época, uma escrava da fazenda. Ela estudava física quântica.









📚 *A volta a FLIB...e a noite cultural*

De volta ao centro, a abertura foi pelo amigo, intelectual e ativista Luiz Alfredo, um quase protetor da Igreja de Nossa Senhora do Rosário ( século XIX) nosobre as Irmandades Negras de Bananal eram em sobre os povos imigrantes, formadores daquele povo, como os chineses e italianos.

 Uma esplendorosa e aí mesmo tempo enxuta apresentação , com até mesmo ambientação com incenso e até o 1° crucifixo da igreja matriz, do século XVIII.



 Depois houve a apresentação dos trabalhos de outros grupos , como sobre nomes das ruas e artesãos diversos.

Um verdadeiro dossiê de resgate cultural e autoestima coletivo!!


📚 *Música e jantar*

Passear naquelas ruas antigas, em meio a prédios do século XIX (maioria) e XVIII é estar sentindo tropeiros chegando com centenas de animais aventureiros esperançosos, barões gananciosos e violentos, sinhás apaixonadas , escravizados fortes, etc.





Ainda no Casarão, o grupo Guapynguari apresentou músicas africanas, muito divertido!

Dali fomos ao Habeas Corpus jantar. um restaurante simpático , atrás da Igreja do Rosário. Com cardápio  simples mas com bom tempero e rapidez ao servir.


📚 *No domingo, contação de estórias e muita conversa com artesãos da feirinha da praça e com tecelãs de crochê.* 












De manhã foi a Cia. Terezinha na praça e rever amigos artesãos  e comprar lembrancinhas típicas. Também visitamos e adquirimos verdadeiras obras de arte em tecido: os tradicionais crochês e outros aviamentos.



📚 *Estudos de arquitetura e despedida.*

Aproveitei e com a ajuda de Luiz Alfredo, pude visitar a Igreja Matriz de Bom Jesus , e subi no altar para ver as pinturas da talha do altar-mor e fazer os registros historiológicos  e pictográficos  para estudos posteriores . Incluindo aí possibilidades de um Vilaronga (pintor do séc. XIX) em Angra dos Reis.










📚O Belo visual e o belo no sorriso das pessoas.

Povo bom! É o resumo. Sempre sorrindo ou cumprimentando, ainda que carregando certo de ar de cansaço. 



No comércio, na rua, nas calçadas, sempre com olhar voltado pra nós.O casario ainda bem representativo, é herança cultural fundamental que lembra um passado pujante , mas também de sofreguidão preta , mas é certeza de um futuro turístico e desenvolvimento econômico com raízes.

No comércio
de artesanato de crochê.

Nossa primeira
bananalense a receber-nos

Luciana Sciota, autora

Luzinete Sabadin,
guia e ativista cultural


📚 *O encontro mágico*

O meu amigo Gil Fonseca sempre e há anos comenta sobre uma tia que viveria em Bananal ...

Hoje ocorreu algo mágico:hije vários moradores se uniram e começaram a verificar quem era a " tia  Hercília"...

O encontro da família Fonseca

E não é que encontraram!?

Foi um momento emocionante .

A tia ainda nos convidou num futuro a visita-la e comer uma broa caipira.

E assim foi nossa visita a esses vizinhos da Serra...



📚E ainda teve visita a Estação do século XIX , que veio totalmente desmontada da Bélgica em lombo de burros montanha acima , após os portos e é de metal . Além da locomotiva recentemente repintada.