domingo, 8 de janeiro de 2017

FONEMAS NO FALAR: O LINGUAJAR CANTADO DOS CAIÇARAS

 
 
O LINGUAJAR CANTADO DOS CAIÇARAS
 
A cultura dos povos caiçaras vai além da culinária típica e dos barcos coloridos na beira da praia.
Um dos aspectos mais ecléticos e de riqueza ímpar, são os dizeres multiétnicos, englobando um fundo luso, mas com forte presença de corruptelas de peso negro e principalmente, indígena.
Estudos de paleoantropologia para estabelecer comparações no balanço e na cadência devem ser elaborados.
Por ser uma comunidade basicamente de perpetuação pela oralidade, com a influência de tecnologias e a abertura pelo continente, de rodovias, a partir dos anos 1970, muito se perdeu de sotaques, molejo e até palavras originais.


DUAS VERSÕES PARA O RITMO:
Há dois tipos de rítmicos no meio do povo litorâneo: um bem rápido e outro cadenciado.
Ao rápido, vou chamar de "digero", que significa exatamente, veloz. Ao cadenciado, vou chamar de "jajigo".
 

 

Legenda:
A chegada de loteamentos, com seus subempregos para os caiçaras, trouxe a absorção de novos elementos sonoros e cognitivos ao elenco de palavras do cotidiano caiçara.
 
O Digero
Comum na região da Baía da Ilha Grande até Santa Catarina, trata-se de pronunciar as palavras de forma truncada e as vezes até abreviadas. Ao ouvinte, confunde muitas vezes uma palavra com outro sentido.

O Jajigo
Com pronúncia mais suave, mais pausada, é comum desde o Espírito Santo, passando pelo continente do Rio (comunidades da Ilha do Governador/Comunidade Tubiacanga), Pedra de Guaratiba e Paraty) e até Cananéia, já na fronteira com Santa Catarina.
 
Teorias:
 

Legenda:
A partir das grandes secas e intempéries do sertão da região do Nordeste, migrações vieram, a partir de 1890 até 1920, aproximadamente, para os centros sudestinos, para a construção de avenidas e portos.
Essas foram as primeiras e fortes influências no jeito jajigo de falar da estreita faixa de terra entre Rio de Janeiro e Santa Catarina.


Especula-se que o modo jajigo, seja de origem da região do Nordeste brasileiro (mormente Bahia e Ceará), tanto pela presença em nosso meio aqui em Paraty e Angra dos Reis de elementos folclóricos como o Bumba-meu-boi,  a zabumba  e as Pastorinhas, nas manifestações culturais, quanto por fonemas próprios daquela distante população, migrante, ainda no início do séc. XX, para a construção de portos (Rio, Angra e Santos) e por contato marítimo na pesca.
Porém, também se acredita que seja pela forte presença genética e colonial dos indígenas.
Já o ritmo acentuado dos ilhéus da Ilha Grande e da Baía de Paraty, seja a forma "fechada" e gutural de falar dos portugueses. Porém, um estudo mais aprofundado do biótipo e da antropologia forense, poderá trazer novas luzes na compreensão da construção fonética desse tipo de falar caiçara, mais salteado. A própria compleição herdada.
 
Em resumo, só a antropologia linguística, aplicada na moldagem contemporânea e no comparatismo, poderá formalizar um mapeamento desses troncos verbais.
 
Arrelá, hê!

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AGRADEÇO PELA CONTRIBUIÇÃO!
AGORA VOCÊ É UM CAIÇARA!