A IMPORTÂNCIA AREAL E SIMBÓLICA DOS APITOS NA CULTURA INDÍGENA.
"He, he, he...Índio quer apito se não dá pau vai comer".
Muito além de uma marchinha carnavalesca, os instrumentos de sopro com flexão por compartimento , ocidentalizados por nome de apito, fazem parte do repertório cosmogônico da maior parte das Nações indígenas americanas.
Todo como:
1-Agouro purgatório
2-Simulacro onomatopeico
3-Ligação interdimensional
Dentro dessas 3 perspectivas, nosso artigo vem versar sobre qual teor de emicidade de cada uso.
1- Agouro purgatório:
O apito , dentro do pensamento xamânico, é forma sonora de alerta em espiritualidade.
Traz força ao executante, forma um escudo aos presentes e talvez numa literalidade da teoria do ultrassom, embarreiraria uma perturbação frequencial.
Assim, Som é a propagação de uma frente de compressão mecânica ou onda mecânica; é uma onda longitudinal, que se propaga de forma circuncêntrica.
Ou seja, atinge um perímetro.
2- Simulacro onomatopeico:
Ja como instrumento de caça, ele imita alguns animais, principalmente pássaros e assim os atrai . Não só como alimento mas para os artesanatos de penas, estas findamentais para a ritualidade iniciática patriarcal e pajelante.
3-No Opy (Casa de Oração), o transe espiritual com o cosmos e seus mistérios tem a presença da flauta ou do apito como um código de comunicação...o apito se transforma numa campainha para o portal transdimensional com as entidades da natureza que permeiam a fé indígena e seu rico panteão!
Portanto, flautas , pifaros e apitos, entram no rol de marterialidade religiosa, num instrumental cheio de técnicas construtivas, conhecimento de escala musical e até design estilístico.
O Uruá , ainda que seja uma flauta e não um apito, segue mecanicamente o mesmo padrão, seja sonoro ou no uso de compartimentos de passagem aérea.
No Kwarup, grande cerimônia do Alto Xingu, as tribos abrem o portal com apitos e chocalhos para os mortos seguirem seu caminho...um rito de passagem entre mundos.
O apito é muito simbólico.
Nessa cultura, por isso meu falava antigamente:"Menino, não assovia a noite! Sua avó reclamava muito.
Isso atrai mal agouro."
Carlos Eduardo
Presidente do IPHAR
25/01/18
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AGRADEÇO PELA CONTRIBUIÇÃO!
AGORA VOCÊ É UM CAIÇARA!