segunda-feira, 15 de setembro de 2025

EXPEDIÇÃO TÉCNICA GAMBOA 2: ferro, água e pedra, em mais uma pesquisa inédita!

 1- Início

O planejamento dessa missão foi elaborado baseando o conhecimento territorial empírico do Vagner Carneiro , nosso guia local e cruzando dados com narrativas históricas do século XIX , mapas antigos, documentos coloniais e ainda, estudo do relevo da região da Mata Atlântica e as escarpas da Serra do Sinfrônio e Serra D'água.


Esq. p/ direita: Eduardo, Ivan e Vagner


Mapa com caminhos e estradas do século XIX.


2- A Lenda e a História.

Desde o século XVI, como já citamos na Expedição Técnica Arandú , a região montanhosa e suas cadeias de formação granítica do maciço da Serra do Mar sempre tiveram relatos e evidências de caminhos milenares de ligação entre o Vale do Parahyba e o litoral da Baia da Ilha Grande. A expansão antrópica se fez por desfiladeiros ou gargantas . 

O aproveitamento pós-cabralino desses circuitos, exercido pela pressão de demarcação territorial em primeiro plano, mas depois pelo comércio aurífero e o café em seguida, produziu uma verdadeira tecitura de rotas e interligações . 

Moeda vigente.

Emmanuel Pohl,
um dos poucos
 a registrar os caminhos
 e passou nas montanhas ,
em 1821.

Mulher Puri:
tinham ligações
com o litoral e
percorriam essas selvas.

A população local e mais antiga, sempre teve no seu imaginário coletivo a presença quase fantasmagórica e na oralidade, do Caminho (e posterior Estrada) que estamos registrando. Os quilombolas , os mateiros, caipiras e caçadores sempre comentaram os pontos -referência como a Pedra Ponteira, a Pedra Pingadeira, o Picadão , etc...tudo desconhecido pelos ditos intelectuais angrenses e de nível estadual/nacional é essa geo - culturalidade só pode ser anotada, com o nosso trabalho de campo e de infiltração antropológica, numa dialética sincera e escuta ativa daqueles que vivem esse ambiente no cotidiano.

Único resquício do
 piso original sem erosão.

Vale da Ribeira

Cachoeira da Ponteira





Antiga malha
 ferroviária EFOM,
depois Centro Atlântica
 e agora,
devolvida ao DNIT(2013)




Conforme se avança
 a Expedição,
a inclinação aumenta .

3- A Expedição : origem do nome.

Em 2022, percorremos parte da Estrada que acreditamos ter sido usada para o traslado da comitiva do botânico e pesquisador austríaco Emmanuel Pohl, na Expedição Gamboa , e os estudos continuaram , com aprofundamento em parcas fontes   literárias e mapas antigos. Tudo sem muito lastro. O viajante Pohl esteve numa choupana , na noite anterior a chegar no atual Centro de Angra , que segundo ele, ficava numa área chamada Gamboa...daí o nome.


4- O dia da trilha:  o aguaceiro e a chuva de conhecimento.

O sábado de setembro , o dia 13 não estava com boa previsão climática : seria um dia nublado mas com pouca chance de chuva; nos enganamos. Iniciando no bairro Belém e com parte percorrida na estrada ferroviária da antiga EFOM/Estrada de Ferro Centro Atlântica (FCA) administrada anteriormente pela VLI, o trecho da EF-045 e agora devolvida ao DNIT, e logo após, entramos na floresta e nos deparamos com um sítio arqueo-histórico , que denominamos "vigia", pela conformidade física das estruturas. A presença de limoeiros e plantas de jardim exóticas na mata , mesmo antes de identificarmos as estruturas de rocha lavrada, já denunciavam fixação humana. Mas ali começou uma tempestade que praticamente nos acompanhou durante todo o tempo da trilha restante .

O temporal não transbordou os córregos, mas a crista das montanhas estavam sendo tomadas de nuvens . Embora ainda estejamos longe do período de força pluvial (verão), setembro já começam os arranjos de temperatura e pressão.





5- Metodologia:os sítios arqueológicos inéditos

Conseguimos alcançar arraiais  e conjuntos de estruturas que dividimos em três sítios : o "Sítio Vigia", o "Sítio Ponte" e o "Sítio Barreira". 

Destarte essas denominações, ainda temos o próprio piso e obras de arte de engenharia da Estrada, que aparecem em alguns lugares, sendo na maior parte erodido ou sob vegetação.














5.1- Medições, tomadas de fotografia e registro de coordenadas .

Como praxe, fizemos o registro de fotografias em vários ângulos para posterior identificação de técnicas de edificação e também de estilística . Além disso, medimos os resquícios visíveis dos imóveis para reconstrução de modelos pré-visuais  comparativos.

Infelizmente, com a tempestade, os aparelhos e aplicativos tiveram panes temporárias  e voltaremos para o registro geodésico.

5.2- Estilísticas conflitantes e modelos gráficos.

A seguir, apresento os moldes baseados unicamente nas partes ainda eretas e  plantas baixas possíveis  em muretas detectadas; além do material lítico, botânico e argiloso  prospectados.

Assim, foram separados em Sítio Vigia (A), Sítio Ponte (B1 e B2) e Sítio "Barreira" C1 e C2). Sendo:

🔸A- Imóveis de apoio de taipa de pilão ou mão, com vergas de madeira e piso de adobe. Cobertura de sapê ou palmeira local. Função militar/estatal.

🔸B1- Passadiço/tabuleiro simples e retilíneo de madeira , sem pilones e com apoios/cabeceiras retas de rocha de mina local e de morfologia granítica. ; técnica rudimentar de pedra seca dita de mão e semi-canjicada.

🔸B2-Passadiço/tabuleiro  elaborado , com arcos de reforço e viga principal robusta .

🔸C1- Arrimo ígneo  formando mega estrutura de terraça em L com 90° e estilística pré-imoerial /não canjicada . Imóveis de taipa de pilão ou mão com vergas de madeira e assoalho sem piso trabalhado aparente. Função militar /estatal.

🔸C2- Imóvel aberto aos lados, de pilares de madeira e cobertura rudimentar de sapê ou palha local. Função de poio ao fluxo ; civil e comercial. 

🔴Observação: as projeções a seguir pertencem ao IPHAR e são inéditas ; citar a fonte em quaisquer outras publicações.

Projeto A

Projeto B1

Projeto B2
 
Projeto C1

Projeto C2

6- Epílogo

As pesquisas por prospecção de campo continuam. Nesta trilha , além do objetivo que era identificar , mapear e compreender   regionalmente o fluxo antropológico , também serviu para mais informações sobre a situação da ferrovia centenária , seus equipamentos e também como ampliação do nosso projeto de taxonomia  botânica de endemismo.

Continuam as pesquisas...

Carlos Eduardo da Silva, 

ProfLic, 15/09/25









































































domingo, 14 de setembro de 2025

AMÉM! IPHAR LANÇA ÚNICA E INÉDITA REVISTA EXCLUSIVAMENTE CIENTÍFICO-CULTURAL DA COSTA VERDE

 O Instituto de Pesquisa Histórica e Arqueológica de Angra dos Reis-IPHAR, lança sua revista temática exclusivamente científica e cultural, uma iniciativa inédita e pioneira na Costa Verde, Litoral Norte e região do Vale do Parahyba adjacente.

Enquanto os mesmos atores sociais carimbados da região vivem bajulando politiqueiros e sobrevivendo de migalhas de editais públicos e mesmo assim, sem desenvolver nenhum trabalho sério, porque tem além da falta de conhecimento , a dificuldade cognitiva🤣... nós continuamos a jornada rumo a perfeição pedagógica, a valorização do patrimônio cultural e a autoestima das Comunidades Tradicionais.
















O 1° lançamento e oficial , ocorreu durante a Feira Literária de Mambucaba -FLIM, em 06/09/25, na Pousada Casarão , na Vila Histórica de Mambucaba , Angra dos Reis-RJ, com inclusive uma mini oficina sobre ao grafismo indígena do tronco Guarany M'Bya, com artefatos do nosso próprio acervo.
Porém, haverá outros lançamentos em outros espaços e cidades amigas.