sexta-feira, 27 de setembro de 2019

⚜️👑🏺🇻🇦VISITA AO MUSEU DE ARTE SACRA: EXPOSIÇÃO "IGREJAS E CAPELAS DA ILHA GRANDE"⚜️🔔❇️🏺.


🔸1- Introdução: 
Aproveitando o tempo nesta manhã chuvosa, com o intervalo entre um compromisso e outro, fiz uma visita a Capela de Nsa. Sra. da Lapa e Boa Morte, para prestigiar a  inédita exposição temática caiçara e ao mesmo tempo, contemplando o mais novo Patrimônio Mundial da Humanidade, a Ilha Grande.

Encontrando com Alonso (funcionário da Secretaria de Cultura), ele foi me guiando pelo universo da fé cristã católica dos ilhéus angrenses, percorrendo um roteiro mágico desde o século XVIII até meados da década 1980.

 Padroeira original da Igreja de Sant'Anna, na Praia da Freguesia.
 Sacrário de talha montada e que ficava na Sacristia. Com colunas coríntias, cantos estilizados e um Cordeiro encimado.

Passeamos pela imigração japonesa e sua conversão ao culto petrino romano, com fotos de japoneses da Praia de Bananal, Matariz, Abraão, etc...depois fomos analisando a imaginária religiosa , a ourivesaria, as várias bucólicas capelinhas de cada comunidade das praias.










🔸2- Descrição:
Na exposição há algumas figuras sacras porém,  de outras igrejas do continente, como representante simbólico do padroeiro/orago de cada templo...pois alguns templos estão com suas peças históricas originais ainda nos altares.




O ardor de fé , as relações de poder, as interações sociais (ou não), a riqueza artística importada de mestres ou santeiros locais e o apogeu da cana e do café, estão ali, em broches de ouro das ricas indumentárias de Santos bíblicos e da história da Igreja dos altares, seja em brincos de madrepérolas, águamarinhas ou semi preciosas, alfaias de prata, cruzes processuais belamente forjadas em detalhes, navetas e ambulas, castiçais e fotos antigas.

 Preciosidades que trazem personalidade cultural e nos indagam continuamente: Quem fez estas jóias?Qual origem geográfica?Que técnicas?

 Gemas preciosas, broches de prata, coroas e resplendores de raios e estrelas...

🔸3- Um tesouro: a chave
Um item digno de nota, é a Fita de Sacrário, objeto que expõe na sua própria formatação têxtil e metálica, com bordadura em ouro, chaves de metal e incrustações de gemas preciosas, fala também, por sua importância icônica, de uma época de potência econômica e luxo eclesiástico , pois o detentor dessa "insígnia", ou era o Pároco ou pessoa de grande confiança, dentro da estratificação sociológica dos membros do status quo e da dinâmica antropológica no âmbito da história dos comportamentos.


🔸4- Documentos atestam antiguidade e modernidade:
Destaque para a documentação antiga, seja de certidões de nascimento ou batismo, inclusive do tataravô do Alonso, até folhetos e jornais antigos anunciando as festas e quermesses, num tempo que a imprensa era luxo e de circulação bastante dificultosa, longe de nossa época de terabytes, megapixels e satélites globais. Assim, mesmo com essas máquinas da época só na capital fluminense, as associações religiosas de leigos, faziam sua publicidade. 




🔸5- Entrada na Reserva Técnica:
Por fim, visitei a mini Reserva Técnica, que fica na antiga Sacristia, num espaço exíguo, mas bem organizado, com um armário móvel por trilhos, moderno, mas sem controle da temperatura e nem uma catalogação museológica e nem análise antropoarqueológica, por falta de um profissional museológo, mas estão com fichas básicas com informações como medidas (altura, base), número de série, data da chegada, quem doou, etc.

 Imagem ilustrativa

🔸6- Diálogos: estórias e histórias.
A minha viagem continuou com nossa conversa sobre o estilo rococó do altar, seus signos de inspiração maçônica , o orbe solar e lunar , as representações da cultura católica e a história do restauro e descoberta das cores originais da talha do retábulo.








Uma mistura quase orgíaca  de parreiras, folhas de acanto, penachos e carrancas pintadas de aparência negroide.

🔸7- Identificação das capelas:
A- Capela São Benedito, Praia de Palmas, séc. XIX.
B- Igreja de Sant'Anna, Praia da Freguesia, 1796 e reforma 1843.
C- Capela Sant'Anna, Praia de Matariz, século XX.
D- Capela Sagrado Coração de Jesus, Praia de Parnaioca, século XX.
E- Capela São Pedro, Praia da Longa, séc. XIX para XX.
F- Capela de Sant'Anna, Praia de Lopes Mendes, séc. XIX para XX.
G- Capela de Nos. Sra. da Lapa, Praia de Araçatiba, séc. XX.

Uma visita a outra dimensão: a fé camponesa dos caiçaras!

Carlos Eduardo da Silva
Prof. Lic. His.
LS Antropologia Forense.
Presidente do IPHAR

terça-feira, 24 de setembro de 2019

💠⚜️MOSAICOS DA FÉ:CONHECENDO O CONVENTO DA ORDEM DO MONTE CARMELO, POR SEUS LADRILHOS CENTENÁRIOS-003💠⚜️

💠1-História:
Fundado ainda no século XVI, em 1593, esta casa religiosa, dos seguidores da espiritualidade monacal dos profetas bíblicos Elizeu e Elias, mas o estilo da fachada, com encimada por elementos decorativos com volutas e coruchéus atual vem do século XVIII.


💠2- Caracterização:
Seus grafismos multicolores geometrizados formam figuras abstratas, com jogos de peças básicas equiláteras medindo aprox. 20 cm que em fins do século XIX e início do século XX, sobrepuseram-se aos epitáfios tumulares que por séculos estiveram presentes em tábuas corridas.


Sua importância para a história brasileira e para a formação da psique coletiva foi consagrada com seu tombamento legal em 1944 pelo IPHAN e a Capela da Ordem Terceira em 1950.





💠 3- Descrição:


🔹 Descritivo/estilo:
As peças cerâmicas que formam os desenhos no piso possuem formas com idéias barrocas, no sentido de fitas,entrelaçadas,estrelas cruciformes e volutas estilizadas. 

🔹 Composição material: 
Póde mármore,argila branca e minerais.

🔹 Período: Início do século  XX.

💠 4-Análise espacial:
A localização nesse presente estudo, está após o arco-cruzeiro, elemento arquitetônico que até o século XIX, fazia a separação entre a Assembléia dos fiéis e os membros eclesiásticos. É a Capela-mor. No caso, é o adro que conhecemos como Cátedra da comunidade religiosa (A, D e C) e a área da Mesa Eucarística ou sacrificial, aos pés do altar-mor.(B e E).

A- 
Recheio macro do grupo de piso  pictórico, do salão.



B- 
Detalhes do recheio da figura  cruciforme do conjunto. Adro da Mesa sacrificial.



C- 
Detalhes de figura externa(faixa) ao vértice do conjunto macro. Adro da Cátedra.


D- 
Vértice angular do adro da Cátedra comunitária.


E- 
Vértice com simbologia de fitas ou elos, entrelaçados; Adro da Mesa.

 F-
Detalhe do vértice formador do conjunto. Adro da Mesa.



Carlos Eduardo da Silva
Prof. Lic. His.
Presidente do IPHAR


quinta-feira, 19 de setembro de 2019

VISITA AO CONVENTO FRANCISCANO DE SANTO ANTÔNIO, IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE SÃO FRANCISCO DA PENITÊNCIA E MUSEU SACRO FRANCISCANO, Rio de Janeiro.


Em janeiro de 2018 estivemos em visita de passagem pela capital fluminense, por algumas horas, para pré vôo em viagem ao Rio Grande do Sul.






Aproveitando o dia livre, estivemos primeiramente na Igreja conventual e, Sacristia.


Adentrando o Museu Sacro Franciscano, instituído desde 1933 e sede religiosa dos franciscanos durante a Jornada Mundial da Juventude-2013, trata-se de rico conjunto arquitetônico de influência barroca joanino (Dom João V de Portugal) com acervo multifacetado, formado por séculos de ritos da catolicidade e patrocínios palacianos.








A Capela da Conceição, lateral a Igreja principal,  é de talha dourada e  uma mesa sacrificial de primorosos tons azuis de simbologia cristã rebuscada e com a presença de um mausoléu da família imperial brasileira.


São mais de 5 mil livros, e centenas de peças de ouro, prata, pedras preciosas, têxteis ritualísticos, tiaras sagradas e imaginária.






Os seguidores de São Francisco chegaram em terras cariocas ainda no século XVI.
Mas a organização dos irmãos seculares (Ordem Terceira) foi montada em 1619.







Já no Consistório, há nichos com imagens de Jesus usadas nas procissões da Semana Santa ou em sua ritualística, como o Senhor da Coluna(para ser castigado pelos romanos) e o Ecce Homo("eis o homem", quando Jesus foi apresentado preso, Cristo da Cana Verde).







Os entalhadores portugueses Xavier de Brito e Manoel de Brito foram os líderes nessa arte magnífica, a ponto de influenciar a partir do século XVIII, todas as obras de talha e douramento das Minas  e até o nosso Aleijadinho, mesmo este sendo mais rocaille.


Realmente foi um dia de imersão cultural!