domingo, 8 de janeiro de 2017

FESTA DO DIVINO DE PARATY, RJ, BRASIL: PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO

Nicho de andor, com a efígie do Divino Espírito Santo

A FESTA CAIÇARA
A Festa é a mais esperada pelos paratienses que reafirmam durante os rituais sua tradição e devoção ao Divino Espírito Santo
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, reunido na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Brasília, aprovou nesta quarta-feira, dia 3 de abril, o Registro da Festa do Divino Espírito Santo de Paraty, no Rio de Janeiro, como Patrimônio Cultural Brasileiro. A proposta para a proteção da manifestação cultural foi encaminhada ao Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI/Iphan) pelo Instituto Histórico e Artístico de Paraty (IHAP), com a anuência da comunidade.
De acordo com o parecer do DPI sobre a festividade (em anexo no final da página), trata-se de uma celebração representativa da diversidade e da singularidade, com elementos próprios, fundamental para a construção e afirmação da identidade cultural do paratiense. A Festa possui, ainda, relevância nacional, na medida em que traz elementos essenciais para a memória, a identidade e a formação da sociedade brasileira, além de ser uma referência cultural dinâmica e de longa continuidade histórica.
Durante as procissões 
e cortejos festivos,
as casas e comércios
se enfeitam com rendas,
bandeiras e 
efígies do Espírito Santo.

Paraty e a Festa do Divino
A celebração do Espírito Santo é uma manifestação cultural e religiosa, de origem portuguesa, disseminada no período da colonização e ainda hoje presente em todas as regiões do Brasil, com variações em torno de uma estrutura básica: a Folia, a Coroação de um imperador, e o Império do Divino, símbolos principais do ritual. As festas do Divino constituem-se numa relação de troca com a divindade. São festas de agradecimento, de pagamento de promessas, de cooperação entre os indivíduos da comunidade.


Adorno do Luzeiro
do Cruzeiro Central
da Igreja Matriz
de Nossa Sra. dos Remédios,
 de Paraty.
Em Paraty, a festa vem incorporando outros ritos e representações que agregam elementos próprios e específicos relacionados à história e à formação de sua sociedade. É uma celebração profundamente enraizada no cotidiano dos moradores, um espaço de reiteração de sua identidade e determinante dos padrões de sociabilidade local. Constituída por vários rituais religiosos e expressões culturais, a Festa se realiza a cada ano, iniciando no Domingo de Páscoa com o levantamento do mastro. Suas manifestações e rituais ocorrem ao longo da semana que antecede o Domingo de Pentecostes, principal dia da festa. A celebração propicia momentos importantes, símbolos de caridade e de colaboração entre a comunidade, como o almoço do Divino, a distribuição de carne abençoada e de doces.
A meu ver e de alguns historiadores,
a figura de um menino,
é uma forma jocosa de representar
tanto a pureza, necessária aos mandatários(e tão rara),
 mas também a pequenez dos poderes humanos
perante a divindade. Era uma crítica social.
Fazem parte dos rituais manifestações como a procissão que segue da casa dos festeiros e carrega os signos da devoção (quadro, bandeiras, bastão, o mundo e a pomba); a Folia do Divino, encarregada de anunciar e orientar todas as cerimônias inerentes à festividade, e que passa de casa em casa, visitando os fiéis, acompanha as procissões, entre outras. O Império do Divino, montado na casa do festeiro, onde ficam expostas as insígnias imperiais e as bandeiras; a Alvorada Festiva com a Banda Santa Cecília, que despertam a cidade no dia da festa; o bando precatório, encarregado da esmolação; as ladainhas, procissões, novenas, missas, a coroação do imperador e a representação da soltura de um preso, também compõem a festa do Divino de Paraty que inclui, ainda, outras manifestações culturais como os chamados bonecos folclóricos: o Boi-de-pano, ou Boi-da-festa, o Cavalinho e o Capinha, o Peneirinha e a Miota, ou Minhota.
Além disso, estão presentes os divertimentos como as competições esportivas, as gincanas, os concursos, os musicais, os shows de calouros. O bingão do Divino, que acontece antes da festa, é um momento de socialização e de interrupção da vida cotidiana, e ainda arrecada recursos para a celebração.
Agnes e Maria Célia, meus tesouros divinos!

Em Paraty, a cidade das festas, a do Divino Espírito Santo é a mais importante e complexa. Para os moradores da cidade, é mais aguardada do que o Natal. A festa compreende diversos espaços, como a Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios, a Praça da Matriz e diversas ruas por onde passa a procissão. No domingo de Pentecostes, a Alvorada acorda a comunidade. A procissão sai da casa do festeiro carregando o andor com o Resplendor do Divino Espírito Santo, e segue rumo à igreja. No fim do dia, a Missa em Ação de Graças anuncia os festeiros do próximo ano e uma grande queima de fogos encerra a Festa do Divino Espírito Santo.
A partir do Registro como Patrimônio Cultural do Brasil, estão previstas medidas para salvaguardar a Festa do Divino de Paraty. Entre as medidas propostas pela comunidade paratiense estão a valorização da festa no calendário cultural da cidade; incentivo ao turismo religioso e melhoria nas condições de produção, reprodução e circulação do bem cultural. Também é necessário sensibilizar a todos para a importância da Festa do Divino como um evento sociocultural da cidade e não apenas de cunho religioso.

Fotografias e Legendas: Minha autoria, maio de 2016
Fonte:http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/652/festa-do-divino-de-paraty-%E2%80%93-rj-e-o-mais-novo-patrimonio-cultural-brasileiro

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AGRADEÇO PELA CONTRIBUIÇÃO!
AGORA VOCÊ É UM CAIÇARA!