sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

REFLEXÃO: Crise sazonal ou fenômeno de extinção cultural??

Neste domingo (16/02/20), visitando Paraty costumeiramente há décadas, me deparei com duas imagens simbólicas, da realidade, que me tocaram profundamente:
🦀1-O mestre cirandeiro Sr. Verino, tocando sua caixa caiçara (espécie de tambor ) e seu companheiro, dedilhando  um adufe, mas a cantoria gravada, via aparelho de som , de um dos cds gravado pelo mestre. Sentados na calçada de pedras coloniais...e uma latinha para doações.
E a população às centenas passando ali?Ignorando-os.

  🦀2- A loja de artesanato paratiense e típico, mais tradicional da região, especializada nos barquinhos, escunas, traineiras, saveiros, cruvinheiras, etc em miniaturas...vendendo também, junto, camisetas populares...tipo padrão-turista .Nunca tinha visto isso!
Segundo mestre Gavião, Sr. Mauro:
"Ninguém quer saber de artesanato, aí tenho de me virar. Artesanato não está mais como antes".

 ⛵O mais contraditório, é ver uma exposição brasileiríssima e bela na Casa da Cultura...falando e expondo o que:as festas caiçaras , instrumentos típicos...



👒Sem sua ciranda caiçara(única no mundo!), sem seus mestres cantadores das xibas e cateretês, sem seu símbolo maior, os barquinhos de caixeta...o que está se transformando Paraty?
Numa prostituta comercial , que fala da ciranda,mas ignora seus agentes culturais de raiz?Que tipo de turismo é esse que quer fotografar os casarões, as ilhas, mas ignora seus artesãos, cirandeiros, quilombolas e indígenas, invisibilizando seus construtores vivos do dia a dia comum?
Conheço centenas de teses acadêmicas, filmes, documentários, monografias de mestrado, etc sobre a cultura litorânea, caiçara, música praieira dos paratienses...mas qual resultado real para nós ,caiçaras?Somos ouvidos como protagonistas?

Carlos Eduardo da Silva
Prof. Lic .

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AGRADEÇO PELA CONTRIBUIÇÃO!
AGORA VOCÊ É UM CAIÇARA!