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1- O nome da Expedição
M'Boi (y) vem do léxico tupi-guarani para a denominação genérica das cobras. Conta-,se que, pela sinuosidade do litoral daquela Ilha Gipóia, a 2° maior do arquipélago angrense, os indígenas a comparavam com uma gibóia (Boa constrictor).
2- Início e preparação
Em 2017 nós estivemos em diversos pontos geográficos da Ilha da Gipóia, onde por expertise técnica poderíamos identificar sítios arqueológicos. Todos inéditos e sem registro.
O IPHAR, na sua atuacão de resgate e valorização do patrimônio cultural e da autoestima das Comunidades Tradicionais, mormente a caiçara, reafirmando seus valores internos e aplicando o conhecimento científico , convidou e começou as conversações, uniu diversas forças para a busca, catálogo e confirmação de sítios arqueológicos na Baia da Ilha Grande , em locais inéditos: instituições como o NuPAI/UERJ, capitaneado pelo Prof.Dr. Anderson Marques , a geóloga e arqueóloga Michelle Mayumi Tizucaa Historiadora Lourdes Silveira (ligada a Sankonfa /CNPq UERJ/IPN), o pesquisador e ativista cultural Valnei e o apoio logístico dos membros do INEA, Paulo (APATAM) e Eduardo (PEIG), Guardas-parques, se uniram numa missão arqueológica.
Além de diversos sítios de oficinas líticas-amolares, discussões acerca de datação e tradições incidentes, a missão arqueo-histórica descobriu uma série de locações arqueológicas ,evidências materiais e até uma descoberta inédita na arqueologia do litoral.
3- A organização
Alinhavados os parceiros , o IPHAR então , já com as características mapeadas do relevo da Gipóia e também do continente próximo , junto a equipe do NuPAI, traçou pontos de possíveis acúmulos tanto de aldeamentos Sambaquianos quanto de presença de amolares/oficinas líticas.
O mapa, mantido sob sigilo, está ainda sendo ampliado conforme o trabalho de campo avança e a análise das evidências materiais e pesquisa antropológica.
Também traçamos a rota da embarcação da grande parceria oferecida pela Gestora Joanna Martins (APATAM-Área de Proteção Ambiental de Tamoios ) e a Gestora Fernanda Pedroza (PEIG-Parque Estadual da Ilha Grande).
4- A Expedição M'Boi
A região da Baía da Ilha Grande foi local de grande produção e dispersão d de utensílios líticos das Américas. Os milhares de registros de amoladores-polidores mormente na Ilha Grande (Ipaum Guassu) atestam a aurora de uma civilização que detinha certas técnicas e ritos ( Tenório, M. C. (2006). Os amoladores-polidores fixos. Revista De Arqueologia, 16(1).) Pesquisas de osteoses demonstram a possibilidade de terem sido argonautas ancestrais .
Foram observadas frequências excepcionalmente altas de espondilólises (71,4%) e de nódulos de Schmorl (50%) para a série Ilhote do Leste. Estes valores estão muito acima daqueles observados em outras séries pré-coloniais em várias partes do mundo, cuja frequência varia entre 4,5% e 29,6% para o primeiro marcador e entre 15,6% e 27,4% para o segundo (Carvalho & Lessa, ol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciênc. hum. 10 (2) • Ago 2015 ).
Assim partiu a missão!
Primeiramente visitamos costeiras e matacões próximos ao desembarque . Ali conseguimos observar pequena peça solta de rocha, com duas marcações de amolar. Após , vasculhamos outros costões e pequenas praias e partimos por trilha para o nosso destino principal , uma praia muito conhecida no setor turístico pela beleza cênica .
5- Resultados
O arqueólogo , prof. Anderson foi até o espécime identificado por nós em anos anteriores, um matacão de gnaisse com encrustrações de pigmatito. Ali encontramos rica coletânea de ações antrópicas incluindo marcas tipo "canoa" e outras tipo afiar.
Porém, um membro da equipe,no guarda-parque Eduardo (PEIG) observou um matacão na proximidade e realmente foi um achado: um sítio arqueológico com matacão em rocha granítica, a beira do quebra-mar. Ali havia diversas marcas provavelmente pré tupis mas certamente pré-coloniais.
Naquela mesma longitude, no decorrer da área dos rochedos em ambos os lados da praia, foram coletadas e identificados dezenas de conjuntos arqueológicos e um elemento especial de marcador mais parecido com um registro rupestre (em estudo).
6- A Expedição avança no continente.
Também com visita prévia feita pelo IPHAR, o grupo se dirigiu por terra, após desembarque no Cais de Santa Luzia, Centro, para a região do bairro Retiro e Estrada do Contorno.
Ali, além do conjunto arquitetônico da Igreja de Nsa. Sra. da Imaculada Conceição dos Remédios da Ribeira, do século XVIII, onde houve grande presença antrópica no período barroco e dos povos tradicionais , os caiçaras, também possui evidências de presença humana em análise prévia do Neolítico, do Cenozóico (em estudo).
A localidade é um grande conjunto de sítios de estudo histórico e de manancial arqueológico. Com um cemitério ancestral do período colonial , tem ainda um a belíssima mas minúscula igreja católica com todos os elementos de estilística das grandes catedrais da época: torre sineira em trio, talha de altar elaborada (joanino) e ainda púlpito lateral . Além de arco -cruzeiro separando a assembleia (nave) do presbitério (capela-mor).
Assim , catalogamos também o sítio Ribeira.
7- Epílogo
A compilacão dos dados coletados, a construcão de modelos 3D, o debate interdisciplinar a respeito das marcas de procedência provavelmente rupestre e a logística das próximas incursões, está gerando grande volume de informações .
A abertura de um vórtice de possibilidades inéditas e grandiosas foi feita e a Baia da Ilha Grande está se confirmando como grande manancial de estudos para atestar a proeminência dos grandes navegadores proto -caiçaras.
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AGRADEÇO PELA CONTRIBUIÇÃO!
AGORA VOCÊ É UM CAIÇARA!