Relatório governamental do século XIX descreve todas as construções da ferrovia *Botafogo - Angra* , feitas pela Companhia Viação Férrea Sapucahy.
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Locomotiva Baldwin |
Documento de 1893
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Presidente Deodoro da Fonseca |
1- Introdução: o expansionismo ferroviário em meio a crise política
O início da República pós - império assistiu um verdadeiro fenômeno ferroviário entre os anos de 1989 a 1893. Do 1° presidente Deodoro da Fonseca (1889-1891) até Floriano Peixoto (1891-1894) a infraestrutura do modal saltou de 15.000 km , citados na pág. 80 do Relatório imperial de 1889, meses antes da proclamação do regime republicano para simplesmente 32.000 km em 1893, segundo o relatório do Ministro Antônio Francisco de Paula Souza.
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Presidente Floriano Peixoto |
Nesse interim, o projeto gestado desde a segunda metade do século XIX, de interligar a capital do Império de Dom Pedro II, o Rio de Janeiro, até Angra dos Reis, no litoral sul fluminense teve então a aprovação da cessão e começaram as obras , conforme descrito pelo documento de 1889, simplesmente 1 mês antes da revolução cívico-militar republicana...
2-O café como motor nacional.
Na verdade, tratava-se das iniciativas modernizadoras de transporte incentivadas pela economia cafeeira e a facilitação militaresca com outros projetos existentes, como a construção do Arsenal de Marinha, a fundação do Forte do Leme e ainda o Colégio Naval...pois os portos de Angra dos Reis eram os mais importantes, fora os da Corte, desde o 1° quarto do século XIX, como os portos das regiões de Jurumirim, centro, Bracuhy e Mambucaba. Segundo o Jornal do Commercio, nas edições publicadas entre 1838-1860, registrou um movimento de barcos oriundos de Angra dos Reis, que foi de 2.187 embarcações!
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Brigues, charruas e Clippers tinham movimento intenso |
3-Um vício de gestão brasileiro que sepultou o projeto.
Todas as obras de infraestrutura foram construídas,como as pontes de até 120m de vão viadutos, túneis fluviais (funcionais até hoje, 110 anos depois) e de escoamento pluvial etc. Porém, um imbloglio jurídico-administrativo e ainda a falta de garantias econômicas de incentivo governamental, causaram a paralização das obras.
Ainda no relatório de 1893, são elencadas todas as edificações arquitetônicas construídas ou em planejamento:
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Foto de Bernardo Brito |
Porém, já com outro nome, Estrada de Ferro Central do Brasil, a cargo estatal federal, recomeçaram as obras na 1° década do século XX, mas novamente foram abandonadas.
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Túnel a 15m da areia da Praia de Macieis, Angra dos Reis. |
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Estou andando no túnel fluvial, 2014 |
Tais vultos construtivos e arquitetônicos, jazem em meio a Mata Atlântica, principalmente entre Mangaratiba e Angra dos Reis. Estão em praias (caso de Macieis e Camorim), quintais particulares (bairro Monsuaba) ou foram aproveitados como suporte de ruas (é o caso do pontilhão em arcos do atual shopping Piratas, aliás, escondido após as obras da nova Av. Caravelas em 2020).
Assim, a ferrovia fantasma, serpenteando o litoral desde o Rio de Janeiro até o porto de Angra dos Reis, ainda encanta e assombra pela beleza cênica e paisagística que seria seu traçado, a beira mar...
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Famoso túnel é na verdade mais uma passagem fluvial de leito, na Praia do Anil, aos pés do Morro da Fortaleza, próximo ao centro de Angra. |
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Ponte que atravessaria o Rio Camorim, no bairro de mesmo nome. |
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Ponte sobre riacho, onde hoje fica a portaria/cancelas do Shopping Piratas,em Angra. Não está mais assim... em 2020 as obras da avenida Caravelas englobaram e esconderam essa estrutura.
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4- Epílogo: a situação da Arqueologia Historiográfica atual.
Uma compreensão geográfica dos pontos de interesse histórico acessíveis e já estudados por nós, é fundamental para o estudioso e leitor; assim utilizando a ferramenta simples do Google Maps e ainda consultando o texto de livre acesso dos estudos arqueológicos de Leilane Patrícia de Lima, da USP, 2008.(Cito https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-19032009-160804/pt-br.php)
4.1-Legenda
A descrição dos sítios históricos visitados por nós foram divididos em espaços que denominaremos quadrantes A, B e C, seguindo a direção do andamento das obras do período, portanto, da capital fluminense para Angra dos Reis.
Cada quadrante recebeu um número (em sequência) para cada ruína/elemento arquitetônico erigido até 10.
Importante: nossas Expedições avançam na pesquisa de campo e entrevistas e certamente poderemos ampliar o mapeamento, pois há indícios de outras localidades históricas.
4.2: Quadro
🔆Quadrante A:engloba o Município de Mangaratiba,no bairro Itacuruçá, sendo uma Estação antiga, com as locações 1 e 2 (nesse caso é uma só,mas separamos para ver as perspectivas).
🔆Quadrante B: engloba o território de Angra dos Reis, nas locações 3, 4, 5 e 6, sendo os bairros Garatucaia, Macieis, Forte do Leme/trilha a beira mar e Monsuaba.
🔆Quadrante C: ainda na região de Angra, abrange os bairros de Camorim grande, Mombaça, Marinas e Praia do Anil. O bairro Mombaça tem um corte de morro, para passagem de leito, mas não temos ainda registro fotográfico. São as locações 7, 8, 9 e 10.
4.3: Mapas satelitais.
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Quadrantes A, B e C |
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Quadrante A: Estação de Itacuruçá |
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Quadrante B: Praia de Garatucaia |
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Quadrante B: Praia de Macieis, Forte do Leme/trilha e Praia de Monsuba, no Morro Bela Vista. |
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Quadrante C: Camorim Grande, Mombaça, abaixo da Av.Caravelas/catraca do Shopping Piratas (esquerda de quem entra) e Praia do Anil, atrás da fábrica de gelo. |