sábado, 11 de março de 2017

TRILHAS E AMIGOS NA TERRA DA CACHAÇA

TRILHA E AMIGOS NA TERRA DA CACHAÇA

Em dezembro de 2016 o grupo Passeios e Aventuras se reuniu no Restaurante Toca do Sossego, no bairro Corisco, em Paraty-RJ, para nossa confraternização anual.
Foram horas de trilha em dois grupos separados, para o Poço Azul e outros para outra maravilhosa cachoeira.


Bromélias multicolores (Bromeliaceae)

Brotos da Samambaia Gigante Cyathea copelandii

 Orquídeas, pequenas flores rasteiras, insetos azuis e verdes quase florescentes, samambaias gigantes, raízes vermelhas, teias de aranha brilhantes pelo sol e quedas de água ....águas essas que abastecem Paraty.

 É óbvio que eu perdi horas tirando fotos macro de líquens, cogumelos, pássaros...
Leito de seixos brilhantes, formam um ilusão ótica, dourada.

Casa de Farinha de mandioca...e eu posando...

Já o restaurante é cercado de gramado e muitas helicônias e um alpendre tipo deque que emerso na Mata Atlântica, tem vista privilegiada para as corredeiras límpidas!
A Casa de farinha de mandioca funciona até hoje desde tempos coloniais. Típico do Brasil.
Petrechos caiçaras: tacho de torrar



Comemos um delicioso almoço feito pela anfitriã, Dona Isabel...e mais umas ajudantes caiçaras.
Abaixo no mesmo terreno do restaurante, tem uma escadaria de pedra em meio a floresta, de curta distância, que leva a um bicão natural refrescante e a prainha de areia da cachoeira...a água da bica passa por baixo de um pedra enorme e desagua num córrego numa gruta...
Camarão rosa empanado.


Helicônia

 
Terminamos com um belo por do sol, já na rodovia, na van fretada, para Angra.
Foi um encontro á badjeca!!

quarta-feira, 8 de março de 2017

TRILHA AO MIRANTE DO RETIRO, ANGRA DOS REIS

TRILHA AO MIRANTE DO RETIRO....VISTA CAIÇARA
 
No dia 29/01/17 o grupo de trilheiros Passeios e Aventuras, mais o caiçara e Irata/ escalador, Carlos Henrique Cacá e até uma estrangeira que trabalha no Estaleiro Brasfells, Zoe Seet, fomos fazer a trilha que leva ao topo de uma enorme pedra, no bairro Retiro em Angra e de onde se tem uma bela visão da rica biologicamente e culturalmente falando, Baía da Ribeira.

Vista do bairro Retiro...
Marco de topo



Flora tropical....


 
Flora típica de restinga, em altitudes de pouco relevo e litorâneas


 Pelo caminho, bromélias, cactos, helicônias, etc...mas também, cobras, inclusive vimos uma Urutu.


Errei o horário e tive de esperar umas 2h, até eles chegarem, o privilégio foi que, na praia do Retiro, vi a alvorada dos pássaros.
A subida é íngreme e vagarosamente os sons da urbanidade, como motores de lancha, pessoas falando...vai diminuindo.
Há muito espinho e tivemos certa dificuldade.
Tivemos uns tombinhos...
Maracujás selvagens fizeram a festa  e adoçaram a boca.
 
 
Mas ao chegar na base da laje de pedra, já tem implantado pelo Cacá uns degraus de metal e uma corda de apoio.
Há formações onduladas curiosíssimas de rochedos, de mineral granítico.
 
 
Vencendo esse obstáculo aventureiro, chegamos a uma gruta e como uma chaminé, chegamos no topo, e a visão se abre!!!
Ilhas, ilhotas, praias, bairros como a Praia da Ribeira, Retiro, Enseada, etc...são vistos em plenitude.
 
Livro de Frequência ou "de cume"
Lá em cima, um livro de visitas e um pequeno marco fazem parte do ambiente de magia.
 
Essa trilha, ainda mantida em segredo, pois estamos estudando a viabilidade de turismo ecológico e as questões legais possessórias.
 
Um manto azul com terras insulares lindas e verdejantes.
Pelo carinho que o Cacá está cuidando da mata e criando o projeto, acho mque vai ser uma grande oportunidade ao ecoturismo e do trade local de pousadeiros!
 



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

PASSEIO E TRILHA NA ILHA DA GIPÓIA, ANGRA DOS REIS-RJ: PINTURA E ARTE NATURAL EM TAMANHO SUPERDIMENSIONADO!

PASSEIO E TRILHA
 
Fomos fazer um passeio no último dia 27/02/2017 na linda Ilha da Gipóia.

É lugar cheio de causos e lendas e tem seu nome provavelmente da corruptela de "jibóia", pois os indígenas Tamoios assim a denominavam devido ao formato tortuoso de suas pequenas enseadas.
Dentista?Nome midiático sem nexo com a cultura caiçara
 
Terra caiçara de grandes nomes nacionais e internacionais, como o saudoso Luís Rosa, de família antiga e que tem um restaurante e o Boni, ex-Diretor da Globo TV,  que tem casa lá há décadas.
 
Pegamos um taxiboat na Praia Grande, no continente e atravessamos com uns 15min. de translado, aportando na Praia das Flechas, já na Gipóia.
 




Já fomos almoçar direto no restaurante Antônio e Maria, no canto da praia com deque sobre o mar....de onde você vê a fauna e flora locais nas pedras marinhas: siris, baiacus, peixes-espada, algas, atobás, etc. Isso coma brisa suave do mar .
 


Deliciosa moqueca mista
na panela Înî
 (ou panela de barro
em língua Macuxi).
 
O cardápio que escolhemos foi moqueca de cavala com camarão e leite de coco. Uma "Diliça".
 
Depois de descansar, fomos a praia ao lado e ficamos por um tempo; praticamente privé, pois estávamos somente nós.
 
Praia de Jurubaíba.
Depois decidimos ir á Praia de Jurubaíba ("do dentista"), mas tome cuidado: não há placas de orientação.

Flora de cacto. Típica.

 

A Praia da Juraba tem águas azul claro e é deliciosa com temperatura morna...de lá se caminha pela orla, em trilhas fáceis e sombreadas e subindo por uma rua de pedras, se atravessa um morro e chega a badalada Praia de Jurubaíba...em meio a helicônias, bromélias, cogumelos e pássaros e répteis...


Praia da Juraba e arredores, tem pequenas praias.


Em Jurubaíba ficamos pouco pois a quantidade de lanchas e iates( mesmo numa praia praticamente selvagem, com apenas uma casa ao fundo, na lateral) estava com sons altos e lixo na areia, de deseducados e gente que trás seu inferno para o paraíso.
 

Camarão rosa pescado localmente
e o lendário peixe cavala
(está até na Lenda de Nossa Sra. da Imaculada Conceição, de Angra).
https://www.youtube.com/watch?v=kmibuR922hY 
ou
http://www.angraonline.com/cidade/lendas/padroeira.htm

Agnes e D.Célia em Jurubaíba.
 
Enfim, uma maravilha de passeio, brincar com Agnes de bola, bater papo com D.Célia...e vislumbrar um território bucólico ao sabor das ondas e de uma culinária local.
Uma verdadeira pintura enorme á mão livre , divina,  a céu aberto!
 
 
 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

ATAQUE A CULTURA CAIÇARA: MESTRE CIRANDEIRO DE PARATY-RJ SOFRE ACHAQUE

ATAQUE A CULTURA CAIÇARA:
MESTRE CIRANDEIRO DE PARATY-RJ SOFRE ACHAQUE


Em denúncia feita na mídia social, Facebook.com, na página Cirandeiro Paraty, o cantor popular, caiçara legítimo e antigo, cirandeiro e de miudezas como Caranguejo, Cateretê, Sr. Verino de Barros diz que sofreu expulsão de logradouro público por estar simplesmente divulgando a cultura tradicional de seu povo caiçara e ilhéu.
No filme ( veja o link) ele comenta  no seu modo simples, que um tal de Luciano, da Guarda Municipal o expulsou e que se sentiu até mal de saúde.
Foto da página do Facebook

Trata-se de liderança cultural e um dos últimos representantes dos fazeres e misteres de ponto de improviso, na musicalidade litorânea fluminense.
É um senhor já com idade avançada e que alegra as noites da Praça da Matriz e comunidades paratienses em quermesses e festividades.
É memória viva de pessoas, fatos e acervo musical e coreográfico.

Obs:Texto abaixo se encontra em 

Tradição de pai para filho
A parceria entre Verino de Barros e Benedito Alves de Souza é antiga. Seus pais, Manuel Pedro de Barros e Antonio Alves de Souza já faziam duetos de viola nos bailes do Rio dos Meros, em um tempo em que a dupla de violas era a base musical da ciranda. Antigamente não havia tanta variedade de instrumentos, como conta Seu Dito:
“Naquele tempo era duas violas, no chiba sempre tocava mais duas violas, e depois o cavaquinho. E o adufo, como chamava naquela época.”
Filhos de violeiros, Verino e Dito não herdaram a tradição das dez cordas. Na roça aprenderam a tocar os instrumentos de percussão da ciranda: Dito no adufo e no pandeiro, Verino na timba e na caixa. Mas Seu Verino, depois de migrar para a cidade, acabou se rendendo à vocação familiar para as cordas e especializou-se no bandolim.
Os bailes no Rio dos Meros
Verino e Dito guardam vivas as lembranças de bailes antológicos nas casas dos Marianos, de Benedito Maneco, de Benedito Teófilo e do próprio Manuel Pedro. Eram bailes que varavam a madrugada e terminavam com o sol a pino no dia seguinte. Boas também são as recordações das domingueiras, que Seu Verino explica:

Domingueira é dançar de dia como se fosse à noite. Então as damas iam embora, almoçavam e dormiam, e de tarde voltavam novamente. Ia até umas sete horas da noite. Era aquela alegria, aquela animação.”

Para chegar aos bailes, que sempre iniciavam com o chiba, o caminho era feito a pé, por chão batido e trilhas no mato. A satisfação do baile valia todo o esforço, inclusive o de tocar a noite inteira só pelo café.
UMA CULTURA ALEGRE, RICA E QUE DEVE SER PROTEGIDA E DIVULGADA!



E VIVA A CULTURA CAIÇARA FLUMINENSE:PATRIMÔNIO CULTURAL DO BRASIL!

E VIVA A CULTURA 
ALEGRE 
DOS CAIÇARAS!!!

Ciranda da Praia de Tarituba, em Paraty-RJ



Dança do Arara:"óia o arara"

Grupo Os Caiçaras

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

A PRÉ HISTÓRIA DOS POVOS DA ILHA GRANDE: O POVO SAMBAQUI

Foto:
Sepultamento: Sambaqui Ilhote do Leste,

Ilha Grande, RJ. Sepultamento.
Fonte: WESOLOSKY, 2000 p.162.

 
 

OS POVOS ANTIGOS DA ILHA GRANDE
E A GESTÃO DOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS -
UMA PERSPECTIVA CIENTÍFICA E TURÍSTICA.
Na Ilha Grande há mais de 60 sítios arqueológicos do tipo "oficina lítica".
Desses, vários são rochas com marcas expostas ao tempo.
Uma delas, estão no Parque Estadual da Ilha Grande...bem próximas da maior e mais populosa vila da Ilha: Abraão. 

 Em Florianópolis (SC), existe até um Museu do Sambaquis, mantido com dinheiro privado, em parceria do IPHAN (federal) com o Resort Costa do Santinho.
Oficina lítica: Pedra de amolar na Praia Preta,
na trilha T1(Circuito Abraão, na Ilha Grande).
Milhares de anos de presença humana.
Foto:Minha, maio/2016

 Pergunto: 

O que as tendências da  arqueologia e o preservacionismo modernos falam sobre essa situação: tira do local e põe numa exposição? Tira do local e põe numa exposição mas coloca uma réplica no local? Ou deixa no local e a protege da melhor maneira?

Uma coisa e certa: o turismo cientifico e cultural qualificam o trade de serviços local, o público-alvo migra de meros espectadores do macro ambiental para apreciadores do  tipico, artesanal e impulsiona os nativos a autoestima.

Fica minha dúvida. 


 

domingo, 8 de janeiro de 2017

FONEMAS NO FALAR: O LINGUAJAR CANTADO DOS CAIÇARAS

 
 
O LINGUAJAR CANTADO DOS CAIÇARAS
 
A cultura dos povos caiçaras vai além da culinária típica e dos barcos coloridos na beira da praia.
Um dos aspectos mais ecléticos e de riqueza ímpar, são os dizeres multiétnicos, englobando um fundo luso, mas com forte presença de corruptelas de peso negro e principalmente, indígena.
Estudos de paleoantropologia para estabelecer comparações no balanço e na cadência devem ser elaborados.
Por ser uma comunidade basicamente de perpetuação pela oralidade, com a influência de tecnologias e a abertura pelo continente, de rodovias, a partir dos anos 1970, muito se perdeu de sotaques, molejo e até palavras originais.


DUAS VERSÕES PARA O RITMO:
Há dois tipos de rítmicos no meio do povo litorâneo: um bem rápido e outro cadenciado.
Ao rápido, vou chamar de "digero", que significa exatamente, veloz. Ao cadenciado, vou chamar de "jajigo".
 

 

Legenda:
A chegada de loteamentos, com seus subempregos para os caiçaras, trouxe a absorção de novos elementos sonoros e cognitivos ao elenco de palavras do cotidiano caiçara.
 
O Digero
Comum na região da Baía da Ilha Grande até Santa Catarina, trata-se de pronunciar as palavras de forma truncada e as vezes até abreviadas. Ao ouvinte, confunde muitas vezes uma palavra com outro sentido.

O Jajigo
Com pronúncia mais suave, mais pausada, é comum desde o Espírito Santo, passando pelo continente do Rio (comunidades da Ilha do Governador/Comunidade Tubiacanga), Pedra de Guaratiba e Paraty) e até Cananéia, já na fronteira com Santa Catarina.
 
Teorias:
 

Legenda:
A partir das grandes secas e intempéries do sertão da região do Nordeste, migrações vieram, a partir de 1890 até 1920, aproximadamente, para os centros sudestinos, para a construção de avenidas e portos.
Essas foram as primeiras e fortes influências no jeito jajigo de falar da estreita faixa de terra entre Rio de Janeiro e Santa Catarina.


Especula-se que o modo jajigo, seja de origem da região do Nordeste brasileiro (mormente Bahia e Ceará), tanto pela presença em nosso meio aqui em Paraty e Angra dos Reis de elementos folclóricos como o Bumba-meu-boi,  a zabumba  e as Pastorinhas, nas manifestações culturais, quanto por fonemas próprios daquela distante população, migrante, ainda no início do séc. XX, para a construção de portos (Rio, Angra e Santos) e por contato marítimo na pesca.
Porém, também se acredita que seja pela forte presença genética e colonial dos indígenas.
Já o ritmo acentuado dos ilhéus da Ilha Grande e da Baía de Paraty, seja a forma "fechada" e gutural de falar dos portugueses. Porém, um estudo mais aprofundado do biótipo e da antropologia forense, poderá trazer novas luzes na compreensão da construção fonética desse tipo de falar caiçara, mais salteado. A própria compleição herdada.
 
Em resumo, só a antropologia linguística, aplicada na moldagem contemporânea e no comparatismo, poderá formalizar um mapeamento desses troncos verbais.
 
Arrelá, hê!