A VIOLA ANGRENSE:
UM SÍMBOLO ÚNICO NO MUNDO, ESQUECIDO.
A partir das imigrações de libaneses e turcos nos anos 1930 aprox., fugindo da guerra civil e da perseguição, mas que tomaram terras caiçaras, invadiram igrejas e roubaram o ouro dos altares, defraudaram documentos cartoriais , invadiram vários casarões bicentenários (e depois os transformaram em medonhos cortiços e salas comerciais sem escadas de incêndio, com fiações expostas etc que duram até hoje em pleno centro financeiro de Angra) e depois com a construção da BR-101 e os grandes empreendimentos federais como o estaleiro Verolme e Usinas Nucleares... a dinâmica social, que durou por mais de 450 anos, mudou.
Os caiçaras foram expulsos/venderam a preços irrisórios suas terras e foram morar nos morros do centro....
Outras tradições e influências como nordestinos, mineiros e paulistas terminaram fragmentando, substituindo, abafando a rica, alegre e milenar (sim, milenar! Veja os sambaquis de 3 mil anos a.C.)... CULTURA ANGRENSE ORIGINAL.
Esse foi o caso da VIOLA ANGRENSE...CAIÇARA.
Em 1947, o Professor Alceu Maynard de Araújo esteve em Angra, na Ilha Grande.
Escreveu um artigo que foi publicado em fascículos, na Revista Sertaneja de números 4, 5, 6, 7, 8, 9, 13 e 14, de julho de 1958 a maio de de 1959.
Ele relata: "e constatamos que com o falecimento de antigo fabricante das afamadas violas angrenses, não há mais quem as fabrique naquela cidade sul-fluminense. Ficou no entanto, o tipo. "
Ele destaca que o tipo angrense é originário de Angra mas se espalhou por todo o litoral paulista e paranaense.
Um instrumento único e famoso, que ao invés das 5 ou 6 cordas em dupla como a viola caipira(ou "paulista"), tinha apenas 7 cordas e uma oitava, mais curta e fixada no corpo da viola, onde começa o braço,; era a "cantadeira", afixada sua cravelha por um "periquito ou bebê".
O próprio Prof.. Alceu Maynard afirma que a fama da viola "angrense" cresceu porque os caipiras achavam mais fácil comprar em Angra e Paraty do que os caminhos distantes de Guaratinguetá ou o interior de difícil acesso....assim, esse instrumento caiçara se espalhou! É uma afirmação um pouco polêmica, pois a qualidade da viola caiçara fluminense , com suas decorações florais em marchetaria, a sonoridade com a oitava corda (que dava uma infinidade de afinações) e ainda o material de primeira empregado, como madeira de guaiuvira (preferivelmente),jacarandá, canela saçafrás, de fato consagrou nossa viola pelo Brasil.
Sr.Benedito Rosário, da Ilha Grande, memória vida dos bailes , chibas e cirandas caiçaras (Foto Blog cirandeirosilhagrande.blogspot.com) |
ANGRA DEVERIA TER NA ENTRADA DA CIDADE DUAS VIOLAS ENORMES, ONDE AS PESSOAS PUDESSEM FOTOGRAFAR...ASSIM COMO A SARDINHA, TAMBÉM OUTRO SÍMBOLO CULTURAL ANGRENSE...OU EM TAMANHO NATURAL NO CENTRO DA CIDADE, ONDE AS PESSOAS PUDESSEM COLOCAR O ROSTO E SE FOTOGRAFAR VESTIDO DE SARDINHA...
OU
VIOLEIRO.
Na verdade, Maynard afirma em:
1° Ele deixa claro, os 5 tipos de violas, no compreender dele, predominantes no Brasil: a paulista, a goiana , a cuiabana,a angrense e a nordestina.
Ele erra , ao tentar diluir a importância do nascimento ter sido em Angra dos Reis-RJ, tentando impor a alcunha de "do litoral", pois é claramente uma narrativa nativista regional dele.
2°- Ja na época dele e portanto antes da publicação (1958-59) o interior paulista já estava tomado de violas industrializadas. Ele chama esses centros dispersores de "mecas" do catolicismo(e comercial também); afirma inclusive que , contrariamente a originalidade de Angra dos Reis-RJ (e que portanto essa cidade fluminense influenciou todo o litoral), Iguape e Cananéia tinham grande influência dos costumes do interior do Estado de São Paulo, mas na viola, era a angrense, porque foi a única que ainda (o tipo) mantinha a "cantadeira"(sonoridade agradável).
"Comprovamos o fato da influência geográfica nos usos e costumes serem idênticos aos de Cananéia e Iguape".
3°- Ele cita Angra dos Reis de forma especial afirmando explicitamente que foi lá que, em 1947 , o luthier já havia falecido, ou seja há décadas eram feitas...e que inclusive um contemporâneo do próprio Maynard ainda fazia, ou seja, esse contemporâneo copiava o tipo angrense.
"(...) já nosso conhecido".
A parte de Angra que ele visitou, foi a Ilha Grande.
"(...)em novembro de 1947 estivemos em Angra dos Reis...*ficou no entanto, o tipo"*.
4°- Seguindo o texto de Maynard, e temos de entender a sequência da escrita, ele explicita exatamente a grande influência da viola genial produzida pelos angrenses, não só entre os caiçaras, mas até nos sertões caipiras próximos:
"antigamente, os moradores de Cunha, que levavam dois dias para ir até Guaratinguetá ou Aparecida e apenas um para ir a Parati, no litoral fluminense, adotaram a viola do tipo angrense".
Portanto, o natal da viola angrense foi definitivamente das mãos lusobrasileiras do povo originário ilhéu!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
AGRADEÇO PELA CONTRIBUIÇÃO!
AGORA VOCÊ É UM CAIÇARA!