terça-feira, 27 de setembro de 2016

A VIOLA ANGRENSE: ÚNICA NO MUNDO

A VIOLA ANGRENSE:
UM SÍMBOLO ÚNICO NO MUNDO, ESQUECIDO.

A partir das imigrações de libaneses e turcos nos anos 1930 aprox., fugindo da guerra civil e da perseguição, mas que tomaram terras caiçaras, invadiram igrejas e roubaram o ouro dos altares, defraudaram documentos cartoriais , invadiram vários casarões bicentenários (e depois os transformaram em medonhos cortiços e salas comerciais sem escadas de incêndio, com fiações expostas etc que duram até hoje em pleno centro financeiro de Angra) e depois com a construção da BR-101 e os grandes empreendimentos federais como o estaleiro Verolme e Usinas Nucleares... a dinâmica social, que durou por mais de 450 anos, mudou. 

Os caiçaras foram expulsos/venderam a preços irrisórios suas terras e foram morar nos morros do centro....
Outras tradições e influências como nordestinos, mineiros e paulistas terminaram fragmentando, substituindo, abafando a rica, alegre e milenar (sim, milenar! Veja os sambaquis de 3 mil anos a.C.)... CULTURA  ANGRENSE ORIGINAL.
Baía da Ilha Grande,
Angra dos Reis, um berço de cultura musical.



Esse foi o caso da VIOLA ANGRENSE...CAIÇARA.
Em 1947, o Professor Alceu Maynard de Araújo esteve em Angra, na Ilha Grande.
Escreveu um artigo que foi publicado em fascículos, na Revista Sertaneja de números 4, 5, 6, 7, 8, 9, 13 e 14, de julho de 1958 a maio de de 1959.
Ele relata: "e constatamos que com o falecimento de antigo fabricante das afamadas violas angrenses, não há mais quem as fabrique naquela cidade sul-fluminense. Ficou no entanto, o tipo. "
Ele destaca que o tipo angrense é originário de Angra mas se espalhou por todo o litoral paulista e paranaense.
Um instrumento único e famoso, que ao invés das 5 ou 6 cordas em dupla como a viola caipira(ou "paulista"), tinha apenas 7 cordas e uma oitava, mais curta e fixada no corpo da viola, onde começa o braço,; era a "cantadeira", afixada sua cravelha por um "periquito ou bebê".
O próprio Prof.. Alceu Maynard afirma que a fama da viola "angrense" cresceu porque os caipiras achavam mais fácil comprar em Angra e Paraty do que os caminhos distantes de Guaratinguetá ou o interior de difícil acesso....assim, esse instrumento caiçara se espalhou! É uma afirmação um pouco polêmica, pois a qualidade da viola caiçara fluminense , com suas decorações florais em marchetaria, a sonoridade com a oitava corda (que dava uma infinidade de afinações) e ainda o material de primeira empregado, como madeira de guaiuvira (preferivelmente),jacarandá, canela saçafrás, de fato consagrou nossa viola pelo Brasil.
Sr.Benedito Rosário, da Ilha Grande,
 memória vida dos bailes , chibas e cirandas caiçaras

(Foto Blog cirandeirosilhagrande.blogspot.com)


ANGRA DEVERIA TER NA ENTRADA DA CIDADE DUAS VIOLAS ENORMES, ONDE AS PESSOAS PUDESSEM FOTOGRAFAR...ASSIM COMO A SARDINHA, TAMBÉM OUTRO SÍMBOLO CULTURAL ANGRENSE...OU EM TAMANHO NATURAL NO CENTRO DA CIDADE, ONDE AS PESSOAS PUDESSEM COLOCAR O ROSTO E SE FOTOGRAFAR VESTIDO DE SARDINHA...
OU
VIOLEIRO.

Na verdade, Maynard afirma em:

1° Ele deixa claro, os 5 tipos de violas, no compreender dele, predominantes no Brasil: a paulista, a goiana , a cuiabana,a angrense e a nordestina.

Ele erra , ao tentar diluir a importância do nascimento ter sido em Angra dos Reis-RJ, tentando impor a alcunha de "do litoral", pois é claramente uma narrativa nativista regional dele.

2°- Ja na época dele e portanto antes da publicação (1958-59) o interior paulista já estava tomado de violas industrializadas. Ele chama esses centros dispersores de "mecas" do catolicismo(e comercial também); afirma inclusive que , contrariamente a originalidade de Angra dos Reis-RJ (e que portanto essa cidade fluminense influenciou todo o litoral), Iguape e Cananéia tinham grande influência dos costumes do interior do Estado de São Paulo, mas na viola, era a angrense, porque foi a única que ainda (o tipo) mantinha a "cantadeira"(sonoridade agradável).

"Comprovamos o fato da influência geográfica nos usos e costumes serem idênticos aos de Cananéia e Iguape".

3°- Ele cita Angra dos Reis de forma especial afirmando explicitamente que foi lá que, em 1947 , o luthier já havia falecido, ou seja há décadas eram feitas...e que inclusive um contemporâneo do próprio Maynard ainda fazia, ou seja, esse contemporâneo copiava o tipo angrense.

"(...) já nosso conhecido".

A parte de Angra que ele visitou, foi a Ilha Grande.

"(...)em novembro de 1947 estivemos em Angra dos Reis...*ficou no entanto, o tipo"*.

4°- Seguindo o texto de Maynard, e temos de entender a sequência da escrita, ele explicita exatamente a grande influência da viola genial produzida pelos angrenses, não só entre os caiçaras, mas até nos sertões caipiras próximos:

"antigamente, os moradores de Cunha, que levavam dois dias para ir até Guaratinguetá ou Aparecida e apenas um para ir a Parati, no litoral fluminense, adotaram a viola do tipo angrense".

Portanto, o natal da viola angrense foi definitivamente das mãos lusobrasileiras do povo originário ilhéu!

ENCONTRO DE CULTURAS REGIONAIS NA ILHA GRANDE

ENCONTRO DE CULTURAS REGIONAIS NA ILHA GRANDE
 
 

terça-feira, 6 de setembro de 2016

RIO OLIMPÍADAS 2016

BAPURU, de Tarsila do Amaral.Exposto especialmente para as Olimpíadas, no Museu de Arte do Rio. Quadro brasileiro mais caro do mundo.
A maior pintura de mural do mundo (Guiness, 2016), do artista Eduardo Kobra. "ETNIAS"



Em agosto e setembro a exposição sobre o inventor do avião, Santos Dumont. Aproveitei e decolei!!!


IMERSÃO CULTURAL EM FAMÍLIA

 Em janeiro de 2016 e também durante as Olimpíadas, no Boulevard Olímpico, Museu de Arte do Rio (para ver o nosso brasileiríssimo Abapuru, de Tarsila do Amaral) e Casa Brasil em agosto, fizemos uma viagem ao passado e ao futuro num só dia no Rio.
Após almoçamos no Catete Grill (sempre que vou ai Catete/Botafogo vamos lá. Delicioso e diverso buffet com direito à Lagosta  e camarões à milanesa e saladinha de ceboletes...
Pegamos um taxi e fomos à Praça Mauá, no ultramoderno Museu do Amanhã. Apesar da fila e vendedores ambulantes de água, andou bem e aí  se descortinou a Arquitetura, reflexão sobre nosso comportamento como humanidade, tecnologia...descortinou um novo mundo...
Destaque para a Esfera de Imersão:um globo preto e acústico que vc entra e é passado um filme de 8 min. Com imagens desde as microscópicas até as do hiper universo.











Mural do Kobra, com um indígena Tapajó.

Exposição sobre Santos Dumont, pequena, mas interativa.

ANGRA RURAL NA CASA DO MEU TIO:A FERTILIDADE, A RIQUEZA E A PRODUTIVIDADE DESCONHECIDA DOS TURISTAS


 VISITA AO SÍTIO DO MEU TIO TONINHO E MARINETE NA REGIÃO DE MONSUABA, EM ANGRA.

  A Monsuaba, antes uma vila caiçara e de fazendas de moenda de cana, há 50-60 anos, hoje é um bairro populoso e problemático, devido ás migrações em massa de nordestinos e mineiros principalmente nos anos de 1970-80 e mais recentemente , de favelados cariocas.
Porém ainda guarda vários recantos de paz e natureza.
Num lugar aconchegante, o Sítio dos Couto é muito bem cuidado.
Tudo plantado , criado e arado pelo meu tio Toninho(Antônio Oliveira) e sua companheira, tia Marinete Couto.

A família Couto de Monsuaba é a chamada "caiçara purinha" e a parte alta da região era toda dela, Mata Atlântica adentro.

Orgânicos como cenoura, beterraba, couve, tomate, coentro nhambi, cana, abio, bananas de várias espécies, cacau, mexirica, limão caipira, abacaxi, etc...em breve, uvas!

Porco, ganso, pato, galinha d'angola, galinha polaca, marreco, codorna e até peru!!
E um belo toucinho caseiro defumado no fogão a lenha!

E a arte de costura da tia Marinete! E seus doces caseiros de mamão e cocada.
A dona Benedita Couto de 81 anos ainda planta seus temperos. Uma horta cultivada com suas mãos e seus olhos verdes.

Uma mescla de sabores, cores e sons!
Ótimo o domingo!
É nossa Angra rural e fértil!






Marinete, meu tio e dona Benedita ao fundo, com Agnes(minha filha, Maria Célia(minha esposa) e Margarida, minha mãe com os ovinhos.




A VERDADEIRA MOQUECA CAIÇARA


  
A VERDADEIRA MOQUECA CAIÇARA

Ao contrário de que muita gente acha, inclusive nos restaurantes do litoral fluminense, paulista e catarinense, a moqueca caiçara nada tem com a moqueca capixaba (Estado do Espírito Santo).
Moqueca caiçara: feita com postas pequenas de peixe e temperada com ervas locais, em especial alfavaca e a pimenta cumari ou outra, misturadas com farofa e farinha de mandioca. A moqueca é então enrolada em folha de bananeira e assada no forno. Outras vezes o peixe é enrolado na folha de bananeira e enterrado no chão já aquecido por brasas.


O termo vem do léxico Tupi clássico, moquém, clássico moka'ẽ,  viajantes e aventureiros citaram como Hans Staden e Jean de Lery no século XVI.
Raramente se encontra este prato típico e saboroso, nem nas famílias e nem mesmo nos restaurantes de cidades caiçaras; como Ubatuba(SP), Paraty (RJ), Bombinhas(SC) ou Ilha Grande (Angra, RJ). Temos de resgatar!


Ingredientes:
🔸Filés de peixe gordo ou branco, tipo tainha, manjuba, etc.
🔸3 a 4 tomates comuns 
🔸Sal a gosto
🔸Pimenta de cheiro
🔸cebola branca
🔸alho a gosto
🔸Alfavaca, cebolinha, salsinha, coentro selvagem, manjericão.
🔸Farinha de mandioca manema ou grossa

Modo de preparo:

🔹Cortar os filés e separar em pequenos pedaços.
🔹Cortar ou picar os temperos e mistura-los.
🔹Acender o forno ou churrasqueira oiê alguns minutos.

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🔹Misture tudo e faça pequenas trouxas de folhas de bananeira previamente e levemente aquecidas para amolecer o vegetal. 

🔹Amarre as trouxinhas com corda natural e leve ao forno ou grelha até formar uma pequena crosta na folha.

Essa versão serve de acordo com a quantidade de peixe. 1 kg de peixe gordo após limpo dá 100g de mini filé.


A deliciosa farofa amarrada...
 com trançado de imbira...
 ou corda na folha da bananeira!!


  A REALIDADE DOS CAIÇARAS

OS POVOS TRADICIONAIS NÃO TEM EXPERIÊNCIA COMPARATIVA E NEM CONHECIMENTO DE TÉCNICAS DE AUTOPROTEÇÃO CONTRA ESSA EPIDEMIA DE CRACK E OUTROS ENTORPECENTES. ROUBOS, PEQUENOS FURTOS E AGRESSÕES SÃO CADA VEZ MAIS COMUNS...ATÉ MESMO AS CASAS DOS MORADORES ESTÃO SENDO TOMADAS E INVADIDAS POR GRUPOS. OS EFEITOS DESSAS SUBSTÂNCIAS SÃO DIVERSOS - CANNABIS IN NATURA: EXTINÇÃO DE LIGAÇÕES LÍMBICAS E NEURAL, AGRESSIVIDADE E DEPRESSÃO. COCAÍNA E DERIVADOS:CÂNCERES DIVERSOS, ÚLCERAS E IMPULSIVIDADE. CRACK:VÍCIO IMEDIATO, QUEIMADURAS E INSENSIBILIDADE A EMPATIA. A INÉRCIA DOS GOVERNOS LOCAIS E ESTADUAIS EM OFERECER TRATAMENTO, ALTERNATIVAS AOS JOVENS COMO ESPORTES E SEM INTELIGÊNCIA NO COMBATE AO TRÁFICO ESTÁ CAUSANDO AINDA MAIS AFLIÇÕES A ESSES VILAREJOS OU (AGORA) BAIRROS POPULOSOS...
LOCAIS ESSES, JÁ TÃO DIFICULTOSOS CONTRA A ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA, LOTEAMENTOS CLANDESTINOS E ESGOTO JOGADO NOS CURSOS D`ÁGUA.
FESTAS RELIGIOSAS DE CUNHO CATÓLICO, CAMPEONATOS DE CORRIDA DE CANOA-UBÁ, ESCOLARIDADE AUMENTADA E PRÓXIMA DA MORADIA DOS JOVENS E CRIANÇAS...SÃO PEQUENAS AÇÕES QUE UNEM A POPULAÇÃO EM VOLTA DE OBJETIVOS E ESPERANÇAS FUTURAS.