domingo, 21 de março de 2021

SEMANA SANTA EM ANGRA: MUSICALIDADE ANCESTRAL, TEATRALIDADE BÍBLICA E SIMBOLOGIA

A Semana Santa é um momento de espiritualidade católico vivido com grande intensidade pela população fiel regional do litoral costaverdeano.

Sendo parte do tempo pascal, onde é rememorado pelos cristãos o Sagrado Sacrifício e a festa mais importante do Ano Litúrgico: a Ressurreição de Jesus Cristo.

Por causa da herança lusitana e com influências jesuítas, essa ocasião de externalidade e dramatização é bem acentuada nas cidades onde teve muita presença de tropeiros, navegantes e indígenas, como no litoral do Rio de Janeiro (mais acentuado nas antigas Paraty e Angra dos Reis) e no interior do país,como no Estado de Minas Gerais, desde o século XVI.


🔶MUSICALIDADE E PATRIMÔNIO MATERIAL

Porém as indumentárias, alfaias e imagens sacras, no nosso caso de Angra, são basicamente do final do século XVIII e meados do século XIX.

Alguns motetos e marchas são do século XX, de autores locais.

Nsa. Sra . das ( 7) Dores: 
acompanha a procissão

🔶 CÂNTICO DA VERÔNICA

A Verônica cantará a lamentação “ O VOS OMNES qui transitis per viam: attendite et videte si est dolor sicut meus” .

“Ó Vós todos que passais pelo caminho: parai e vede se há dor semelhante à minha dor.”

🔶A LENDA DA VERÔNICA

Diz -se uma tradição muito antiga, ainda dos séculos dos Patriarcas da Igreja, que durante a Via Crucis de Jesus, uma mulher acorreu a Ele e enxugou seu rosto, ficando impressas as marcas de sangue e a fisionomia. Daí vem Verônica: vero ícone, verdadeiro ícone do rosto do Senhor.

Baseado no texto do Livro das Lamentações 1,12 foi criada a obra Tenebrae, um moteto do século XVI, atribuído a Carlo Gesualdo, um compositor da Renascença italiana.

Em Angra, já há vários anos, a Leny, ex solista do Coral da Cidade, faz esse lamento a cada Estação da Via Crucis, na Procissão do Senhor Morto,  da Sexta Feira Santa... Já a partir de 2023, a também ex membro do Coral da Cidade, Carolina Daher, subtituiu a Sra. Leni.




Importa ressaltar que para o IPHAR, essa manifestação cultural extrapola a mera religiosidade: ela faz parte do arsenal de resistência caiçara e da herança de raiz muito antiga, contra a superficialidade reinante e a pasteurização cultural provocada pelas seitas falso-cristãs, financiada pelos estadunidenses.

A carga mítica embutida nos ritos da vida são parte de marcadores antropológicos.

Os arquétipos simples ali mostrados, criam espaços humanizantes do cotidiano da sobrevivência.

Trata-se inclusive de atrativo turístico, pois há elementos que são únicos de Angra!

A beleza cênica e a profundidade imbuída no conjunto é emocionante.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo registro e descrição do evento! Só me pergunto se estamos dando valor aos arquétipos “mais adequados” para promover o crescimento pessoal e a consciência de alegria nas comunidades. Há outras expressões da história de vida de Jesus que poderiam ser extremamente úteis na contemporaneidade. O Livro dos Mórmons trata da passagem de Jesus nas Américas, por exemplo. Uma parte da história do mundo cristão pouco conhecida, pelos próprios americanos do Sul ao Norte!

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    1. Grato. Venha conosco nessa aventura pela História angrense!

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AGRADEÇO PELA CONTRIBUIÇÃO!
AGORA VOCÊ É UM CAIÇARA!