quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

ARQUITETURA: ESTUDO INÉDITO* *DO IPHAR APONTA* *POSSIBILIDADE DE AFRICANIDADE EM IGREJA ANGRENSE.*


Um estudo em fase inicial do IPHAR em conjunto com fontes documentais e historiadores parceiros, indica que no altar -mor da histórica Igreja de Santa Luzia, em Angra dos Reis-RJ, pode ter elementos êmicos de ancestralidade africana.


🔸 Histórico do imóvel

Nascida da união de um grupo de pescadores no século XVII e da promessa de uma graça alcançada por uma família, serviu  de local de culto pela Ordem de São Francisco durante as obras de conclusão do seu Convento São Bernardino de Sena e também de igreja matriz da Mitra diocesana (na época, ligada   a capital) enquanto a Igreja de Nsa. Sra. da Imaculada Conceição era erigida.

Sua aparência atual vem do final do século XVIII e a Irmandade de São Benedito migrou sua sede para lá em torno de 1930.


Reconstituição histórica 



🔸 As características do retábulo

Apresentando nuances do estilo barroco tardio e do rococó, a igreja é pequena mas tem todas as divisões espaciais  e partes oficiais das grandes igrejas da época, como arco central (presbitério), coro, púlpito lateral.

O retábulo por sua vez, tem moldagem do rococó , com colunas caneladas, resplendor, dossel etc.

Altar -mor

Detalhe

Atualidade 

🔸 O mistério revelado?

Nossa possível descoberta se baseia no dado de que no intervalo entre o século XVIII e fins do XIX temos o uso diversificado do espaço, inclusive com a influência de franciscanos, que em Angra sempre foi teologicamente mais próxima dos excluídos, indigentes e escravos.

Porém, essa lacuna temporal gera dúvidas desse poder libertário de algum movimento de africanidade a ponto de impingir sua marca física num altar .



🔸 A comitiva técnica

Em setembro/24, duas historiadoras, Sra. Lourdes Silveira e Sra Eliete Ângelo, com expertise em diáspora africana, estiveram na igreja a convite do IPHAR, e em antemão, já identificaram figura antropomórfica que lembra uma máscara africana ritualística; ela fica entre o camarim e o dossel, abaixo das sanefas.

Veja aqui a participação delas na Festa Literária de Mambucaba:

Clique e conheça as historiadoras

Amigas e preservacionistas


🔸 A provável origem geoétnica

A estilística da máscara está calibrando para o Reino Senufu, da Costa do Marfim. Ali a linguagem artística  era e é ligada ao feminino sagrado.

Os escravizados que vieram para o Brasil, dessa região, eram mais letrados e tinham influência islâmica.




Continua o estudo....