sexta-feira, 29 de julho de 2022

EXPEDIÇÃO TÉCNICA PURIS:REVISITANDO O PARQUE ARQUEOLÓGICO E AMBIENTAL DE SÃO JOÃO MARCOS

 1-Objetivos

A intenção da Expedição Puris em 25/07/22 foi ampliar os estudos da engenharia específicas da então cidade, também  sobre a Estrada Imperial , seu contexto antropológico e as interfaces geográficas desses caminhos .






Praça da Igreja:crucifixo deveria ser da torre




Arcos da porta da igreja




A análise do calçamento de parte do reduto urbano do sítio arqueológico teve como premissa a identificação e caracterização do tipo de técnica de desenho das pedras , o requinte da lavrada das áreas de pedestres e a ereção vertical(paredes), como case de prospecção a Casa do Capitão -Mor , a Rua do Cais e a Rua lateral da igreja.





Visão da igreja

2- Os Puris 

Os autóctones da região , do ramo linguístico macro-jê, que estiveram amplamente espalhados pelo território do Vale do Rio Parahyba até às vertentes iniciais do Rio Doce em Minas Gerais, citados no mapa de Manuel Vieira Leão, de 1767, como "certão ocupado por índios bravos", são os Puris.

Mapa onde se lê "índios bravos"



Registros de Iohan M. Rugendas


Citados em várias fontes bibliográficas e relatos naturalistas desde o século XVI, mas principalmente nas incursões artísticas e científicas do século XIX, essa tribo foi caracterizada como refratária a reduções/aldeiamentos para civilizar (guetos) criadas pelo Governo imperial, sendo nômade e se embrenhando casa vez mais na selva, em toda tentativa que a fronteira agrícola e o tropeirisno avançava.

3- Antepassados migraram para Santo Antônio do Capivary(atual Lidice).

De tradição tropeirista, o braço dos Coelho e dos Oliveira foram aos poucos povoando as montanhas e vales aluviais de Lídice; a decadência da cafeicultura, o intenso comércio com o litoral e a varíola, por proteção e necessidade, fez parte de meus familiares migrarem no final do século XIX e primeiras décadas do século XX. 

S.J.Marcos antes das demolições

SJM

Vila de Santo Antônio de Capivary-atual Lídice

4-A Rua do Cais.

Trata-se de calçamento que, saindo a esquerda da igreja(de quem a vê), passa pela Casa do Capitão -Mor , depois aí lado da prefeitura (ruínas) e se caracteriza por uma declividade central, em côncavo, com estilo moldura, arruamento com aproximadamente 8m de largura.



5-Casa do Capitão-Mor 

Uma das mais requintadas e com elementos construtivos elaborados do Brasil, entre as visitadas por nós!

Além das calçadas públicas com peças medindo em média 0,80 m x 1,20 m, as lajotas rochosas também estão presentes nos compartimentos internos do imóvel, principalmente no salão principal, que segue tal estrado até os fundos da casa.

Cangicado

 As paredes tem 0,80 de profundidade, com técnica de montagem em método cangicado. As paredes internas são em pedra seca.
Frontão, calçada


Visão interna , para a rua

Piso interno

O frontão em 3 arcos romanos de pressão com tijolos (2 janelas e portal) e janelas emolduradas com peitoril e ombreiras retas e vergas em arco , tudo de granito, com  um nicho profundo.

Há sinais modernos de uso remoto,com vaso sanitário em louça e tijolos baianos.

O portal centralizado de entrada, tem um vão de 3m de ombreira a ombreira.


6- A rua lateral direita da igreja.

Esse arruamento é grandioso. Medimos 8m de largura.

Diferentemente da área do cais,  seu formato construtivo é à capistrana, tratando-se de peças lavradas mais simples no bojo e uma faixa mais retilínea central.



No geral, constatamos  que o calçamento do meio urbano do sítio arqueológico tem calcetaria melhor do que a região central de Paraty-RJ.

As calçadas de passeio tem peças variáveis e disformes em tamanho e formato, porém, foram moldadas em cinza e ponteiro, nas esquinas, o que é uma evolução arquitetônica.


7-Ponte da Estrada Imperial e trecho da Estrada

Como complemento a visita técnica, percorremos 500m do antigo traçado de estrado de pedra (A) da Estrada Imperial, a esquerda da entrada do Parque e a ponte em arco (B) no caminho entre a RJ 149 e o Centro de Memória.


A-Em péssimo estado. Devido possivelmente a trânsito de automóveis pesados, gado bovino e ainda cheias do lago.O desenho do estilo de montagem da Estrada está sem condições de identificação.

B- Uma de engenhosidade longeva, ainda em uso, é de blocos de pedra sobrepostos sob contrafortes e com moldura inteiriça em pedra moldada e curvilínea. Não apresenta aparentemente rachaduras, trincas ou movimentos da base.


8- Epílogo

Visitamos o Cemitério da antiga cidade para registrarmos algumas lápides históricas e o estudo antropológico de nomes de família.




Visitamos o Centro de Memória e fiscalizando, percebemos uma situação um pouco mais precária do que 2018: os totens informativos estavam desligados, o filme/documentário só foi exibido a nosso pedido e o simulador construtivo em 3D anunciado nas redes online oficiais não estava disponível (tablet ausente).

No geral, a área do Parque está limpa, sem vegetação, mas as placas do campo, informativas e os bancos de descanso, estão sujos.

A infraestrutura de acolhimento está boa, tanto banheiros quanto diversidade de itens da lanchonete.

A análise da conformação dos passeios e ruas demonstram uma cidade de detalhes artísticos nas construções e monumentalidade .

















































domingo, 10 de julho de 2022

EXPEDIÇÃO TÉCNICA BÂNAN-Y 1: INÍCIO DA PESQUISA DE CAMPO.

 🌐ESTUDO DE CASO DE CONSTRUÇÃO TRADICIONAL BRASILEIRA, EM BANANAL-SP.

Estivemos na Fazenda São João, onde hoje funciona o belo e bem cuidado balneário Vale das Cachoeiras, no Vale/Serra do Turvo, Bananal-SP.







🔆 1- Visão geral

A casa-sede, com características do final do século XIX e inícios do século XX, tem vãos simples de janela com vergas retas originais em madeira e portas também .

O telhado apresenta quatro águas que se distribuem a partir da sala de entrada e telhas grandes e de manufatura sem marcas de industrialização.

Pátio de secagem de café

Dois mundos ,mas sem conflito




O pátio, na lateral da casa, onde há uma porta da cozinha, tem piso com lajes graníticas colocadas por mão escravizada que chegam a ter 1,5m  x 1. Ali é um resquício do pátio de secagem do coffea Arabica.

🔆 2-Estudo do Método construtivo

Trata-se do modelo de engenharia dito pau-a-pique ou taipa de mão.

As paredes tem um traçado que preenche totalmente o espaço, de taquara ou madeira natural roliça (esqueleto -base, dita vara), onde está textura se encaixa numa peça inteiriça de madeira na base horizontal de 15/20 cm x 15/20 cm ( baldrame). 

A argila é atirada com força manual nessa treliça de bambu, preenchendo o espaço entre as varas; a moldura completa-se com uma peça vertical de 15/20 cm x 15/20 cm (esteio) . Vide foto da prancha 3.

Já a peça horizontal no topo da parede, é o frechal. Vide foto da prancha 2.


A fundação ou fechamento do espaço entre o baldrame e o solo é uma parede de pedra, no caso estudado com média de 80 cm de altura aprox.   chamada soco. Vide foto da prancha 1.



🔅3-Proteção externa

Para cobrir e proteger a parede/divisória de argila comum , era aplicada uma camada de tabatinga (argila branca) ou tabatinga com cal de conchas .

🔅 Epílogo

Nossas pesquisas técnicas na região estão começando.

Porém, as informações preliminares foram de observação panorâmica, melhores acessos e claro, aproveitar a prosa com os queridos moradores .

Mas vem bons momentos por aí!

⚜️Carlos Eduardo da Silva

Pres.do IPHAR