sábado, 14 de maio de 2022

REFLEXÃO:A CULTURA SE FAZ NO DIA A DIA, COM SUAS ESCOLHAS DE CONSUMO.

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É o 3° ou 4° texto em que cito o Mercado do Peixe, a Feira e os produtores rurais da região...e não me canso. Pois hoje, vendo eles sorrirem e tratarem quem estava comprando 1 tomate ou 50 kg igualmente gentis e contando causos, me pus a pensar: o que faz esses idosos e alguns jovens a continuar essa tradição tão desvalorizada das feiras de roça?Dinheiro, certamente não. Influência política?Nenhuma. 


É a força da vida!O estar em comunidade.Ter a sensação de passar para as gerações.

Tanto é que hoje tive uma ótima surpresa...dessas que ninguém liga mas que para nós, da comunidade caiçara e outros núcleos de resis-existência, é fundamental: os filhos do falecido Tininho, do Russo , o neto do Sr.Portugal e o filho do Sérgio, todos veteranos no Mercado do Peixe, estão já vendendo o pescado nos boxes. E a continuidade familiar de uma tradição!


Quando alguém vem com papo vazio e totalmente teórico de "valorização da cultura Tradicional, da agricultura sustentável, de consumo consciente, do cultivo primário" e tantas outras falácias, eu só respondo mostrando a feira de orgânicos e de pescado que nós aqui em casa fazemos:

🔸Lula , espada, robalo, carapau, sardinha...do Sérgio, do Russo(e seu filho), o filho do Tininho, nova geração(saudoso Tininho!), Seu Portugal,Shaolin...

🔸As frutas da dona Vilma do Bracuhy e suas receitas caiçaras; além de frutas e hortaliças rareadas como cajá, ora-pro-nobis, cará, etc.

🔸As verduras, tomates orgânicos, jilós, coentro caipira, abóboras de todo tipo, do Seu Tião de Rio Claro.50 anos de feira!

🔸Os ovos caipiras azuis(selo natural de origem !), da tia do Ariró, caiçara loira de olhos verdes...

🔸As ervas para-medicinais da dona Índia ...

🔸Os siris de madeira, instrumentos de trabalho, canoinhas, estrelas e as formas helicoidais do meu querido menino de 80 anos, Seu Oséias.

Enfim, não são agricultores e sitiantes de fala escorreita, rico vocabulário acadêmico, não fazem palestras  em eventos pseudo-intelectuais e nem tem tempo para protestar em Paris ou no vão do MASP ...por que?

Porque trabalham e tiram do próprio ciclo da Terra e da terra, o seu sustento minimamente impactante.



Mas quem eu vejo ali, no Mercado do Peixe e nas mini feiras de bairro comprando e portanto, trocando o dinheiro por produtos bons, em bancas improvisadas e que são reconhecidos de origem local?

Ninguém! Ou sempre os mesmos consumidores.

Os tais digital influencer, os políticos, os acadêmicos , os que se põem como pensadores...nada!

Um marco etnográfico de continuidade e fluição temporal de vetor positivo foi registrado hoje 14 de maio de 2022!

Presenciei (e vibrei!) com a sucessão geracional no âmbito da morfologia afetivo-espacial  da nossa civilização local  tão pressionada pelo multiculturalismo. Um fato antropológico incontestável!

Mas continuo ali, ensinando minha jovem filha, os segredos da culinária regional, sentindo com minha esposa o perfume das frutas do pé, as cores vivas da abóbora madura...

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AGRADEÇO PELA CONTRIBUIÇÃO!
AGORA VOCÊ É UM CAIÇARA!