1-Intróito
A Expedição Sapucahy , desenvolvida na região da Ponta Leste, litoral de Angra dos Reis-RJ, teve como premissa:
🔸Reidentificar a antiga trilha Forte do Leme x Praia de Maciéis, esta sem uso desde a tragédia climática ocorrida no município em vários bairros, em 2010, com mortes e destruição por intensas chuvas.
🔸Revisitar as ruínas do Forte, verificar a situação dos canhões Armstrong e ainda documentar o piso hidráulico do início do século XIX, da chamada "Casa do Capitão/Comandante".
Essa trilha foi diversas vezes percorrida por mim desde a adolescência, nos anos 1990 e 2000.
Era muito usada na época (do século XVIII a meados dos anos 1970), tanto por caiçaras nativos quanto por soldados (Terço) a serviço nas baterias de canhonetes coloniais e posteriormente, do turno militar da 1° República, no Forte do Leme.
Obras pluviais desfiguraram o início da trilha |
Piso original |
Ruas abertas na floresta |
Padrão de piso hidráulico: padrão identificado. |
A Expedição leva o nome da ex-futura ferrovia litorânea que era projeto desde o século XIX e que na 1° República, quase se concretizou, sairia do Rio de Janeiro a Angra e seria a via de locomoção para apoio ao projeto de Arsenal de Guerra da Marinha a ser implantado em Angra dos Reis-RJ e a indústria portuária, estudada por nós inediatamente e feito levantamento pedagógico das estruturas prontas da época.
Clique aqui e veja nosso estudo sobre essa ferrovia...
2- Início
Começamos em frente a portaria da Transpetro, onde há uma ladeira. Qual foi nossa surpresa ao encontrarmos um canteiro de obras enorme, com tratores, etc...que abriram várias ruas de acesso a montanha e muita lama. Outrora era um caminho em solo natural em meio a mata.
Agora, aparentemente a serviço da Transpetro, a empresa está construindo diversas redes de escoamento pluvial e muros de arrimo.
A deformação da paisagem realmente atrapalhou o início da caminhada, a ponto de não acharmos a ladeira curta que ligo chegava a Casa do Capitão...
Tivemos de seguir pela estrada de acesso (pavimentada), após seguirmos por uma dessas vias de trator. Na volta , conseguimos rastrear a passagem original (texto abaixo).
3- O Forte do Leme e seus canhões gigantescos
A visita ao complexo militar do Forte começou nos canhões, que são dois e na sede do Forte, que aliás, preserva ainda , após tanto danos de abandono sob a e intempéries diversas, parte do piso hidráulico centenário, ainda com desenhos geométricos identificáveis.
Tratam-se de um conjunto harmonioso de prédios do túneis e peças de artilharia que ainda se mantém de pé, com suas dobradiças funcionais (portão do prédio) , canhões em prontidão e até às tesouras do telhado de ferro, suspensas...
Clique aqui e conheça a arqueologia do sítio histórico do Forte do Leme e região
4- A trilha caiçara
No mapa abaixo , temos a situação atualizada:
🟣 Área remexida para obras de contenção da Transpetro, onde o início da trilha está, seguindo a cerca dos tanques de petróleo, até a direita de um muro de talude grande. Sítio Arqueológico da Casa do Capitão/Comandante.
Situação: é a partida da trilha, ao lado esquerdo de quem olha o mar, do casarão apresenta grandes árvores entrelaçando as paredes da ruína, além de preservar partes dos ladrilhos.
1-Inicio da trilha:
Situação:é a partida da trilha, ao lado esquerdo de quem olha o mar, do casarão. Pouco acidentada, ladeira suave.Cuidado com contato com animais peçonhentos.
2-Desvio para a praia;
Situação:continuação apagada pela vegetação. A trajetória mais visível que é numa enorme cratera e um tronco de árvore, leva a Praia do Aniquim.
Na praia, existe um belíssimo monólito oval que serve como mirante , além de parte de um centenário porto de metal. Após o monólito, na verdade paralelo a esse, está na própria costeira uma passagem até o canto esquerdo de quem olha o mar...ali recomeça a trilha. A travessia pelo costão rochoso é perigosa e com pedras soltas.
3- A terraça da Guarda colonial
Situação:É uma das mais espetaculares estruturas coloniais de Angra dos Reis, uma terraço a beira mar, que servia de observatório da entrada da Baía da Ilha Grande e Fortim com canhonetes. É uma armação de pedra seca com aproximadamente 3m de altura e 30m de extensão. Tem um pé de manga muito grande e antigo.
A trilha continua a esquerda , atrás do espaço.
4-o ambiente marinho e as vistas deslumbrants
Situação:Nesse trecho, de uns 600m, quase plano, tem alguns obstáculos de rochas e abismos que dão na costeira e do outro lado, alagados e lamaçais, que parecem ser movimentações artificiais , seja para o leito da ferrovia Sapucahy ou trincheiras do fortim de baterias já citado.A vista do mar é linda e quase contínua.
5-Casas, ladeira e servidão
Situação: Ao longe se avistam muros, cercas e casas no meio da mata e se chega a uma pousada que deve-se subir a ladeira até o portão de madeira e no canto, contíguo ao portão, há uma servidão que leva finalmente a praia de Maciéis.
Túneis fluviais da ex futura Linha Sapucahy, de quase 130 anos ainda estão funcionais!!!
5- Epílogo
A missão fez grande avanço no conhecimento geomorfológico da área e levantou novos dados historiográfica da ocupação humana daquele trecho da Ponta Leste. Reaver a trilha da comunidade tradicional caiçara também foi importante, mesmo com falhas pelo desgaste natural do traçado, que em partes desapareceu.
Além dessa preocupação científica, também pudemos sorver o tempero afetivo de tantas vezes ter passado ali há 20 anos. Sentir e contemplar também o belo cenário , que aliás é típico numa cidade com 8 mil anos de civilização: natureza e História juntos!
Carlos Eduardo da Silva
Prof.Lic.Hs.
18/03/24
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AGRADEÇO PELA CONTRIBUIÇÃO!
AGORA VOCÊ É UM CAIÇARA!