quinta-feira, 23 de novembro de 2017

POR UM RESGATE VERDADEIRO!





Envolver em as novas gerações 
🔴ARTIGO(Meu, 19/10/17)

POR UM RESGATE VERDADEIRO!

1-RESUMO COMPARATIVO

 Um jornalista alemão foi convidado esse ano de 2017 pelos organizadores da Oktoberfest de Blumenau-SC, para relatar e prestigiar a famosa "2° maior festa da cerveja do mundo "...
O que eles não previam, é  que , como bom alemão, ele tinha independência  no raciocínio  e um humor sem graça  (?).
http://p.dw.com/p/2m5qq?wa
Leiam o artigo e entenderão.

2- INTRODUÇÃO

Já  a nossa realidade regional, onde há  40 anos (desde os anos 1970), vários  grupos bem intencionados tentam resgatar a cultura caiçara  original, temos de tomar cuidado com a criação  de uma "caricatura" da realidade.
Ainda que estejamos muito aquém  do "orgulho" que os catarinenses e gaúchos  mostram(ao menos quando estão  fora de seus Estados, migrando), já  vemos localmente vários  aspectos positivos de valorização cultural caiçara, mormente nas cidades litorâneas  paulistas e algumas ações  fluminenses, capitaneadas por estudos acadêmicos  e lideranças  autóctones legítimas.  São  Festas do Divino, da Semana Caiçara, do Fandango, estátuas  em praças, exposições  permanentes...
Porém, um dos aspectos de uma ideologia, é  a tendência  a padronização  e a sonolência  do imaginário " nostálgico".
E isso não é  honesto com a realidade em termo das carências  dos poucos bolsões  legítimos  caiçaras!
Educação secundarista mais acessível, telecomunicações  eficazes, meios de subsistência  tradicionais que sejam respeitados por autoridades"ecologicas", até  mesmo prostituição infantil e tráfico  de entopercentes, fazem parte da estrutura familiar e do cotidiano dos mais longínquos povoados ilhéus...

3-O CASO TARITUBA
Assim, tenho como exemplo a Praia de Tarituba, em Paraty. Originária  de portugueses e indígenas, com parcela de espanhóis  e negros, trata-se de um bairro de Paraty, distante uns 30 Km do Centro, cuja urbanização  pós  BR 101, afetou o modus vivendi de forma definitiva. Nos anos 1990 a Universidade Federal Fluminense deu apoio logístico  e financeiro para gravação  de um CD e edição  de um livro.
Embora o prefeito atual Case, tenha devolvido a sede do Grupo Folclórico, anteriormente embargada, juntamente com o campo de futebol por uma pseudo detentora histórica  de um espólio...o mesmo grupo tem sérias  dificuldades em forjar um grupo coeso, para divulgar -se nos moldes dos mass media globalistas e portanto , sobreviver de forma autônoma  , mantendo financeiramente seu corpo de dançarinos  e tocadores.
                          
3,1-A QUESTÃO  DA SUBSISTÊNCIA
Dos integrantes, 90% tem ocupações  indiretas com a pesca e turismo. O que os faz se ausentar nos ensaios e o grupo não  possui uma agenda fixa de apresentações  remuneradas via taxa hoteleira, na sua localidade, como em outros municípios  turísticos, onde o Poder Público  por legislações  e o meio privado , por agências  e hospedagens, leva os turistas para assistir, mediante subsídio embutido nas diárias, com previsão  fixa de apresentações  artísticas dos grupos,  no calendário da municipalidade.

3,2- MARCADORES ANTROPOLÓGICOS INTERNOS
Assim, fora os aspectos de conflitos no âmbito  psicosocial e as disputas territoriais interfamiliares  do simbólico, que os desagrega, o Grupo Folclórico  de Tarituba, acaba privilegiando apresentações  para universidades e eventos mais requintados, se transformando  uma visão entre os vários cirandeiros paratienses, como o Coroas Cirandeiros, Irmãos  Cirandeiros, etc...em um grupo paralelo e isolado das origens populares e coletivas. Esse conflito ideológico  de "elitização" causa há  uns anos, conflitos até  intrafamiliares, onde os irmãos  Bulhões/Lara tem diferenças  interpretativas da forma de contato e lida com o público  e a organização  interna.
Essas dissensões geo-cosmogonicas são  bem acentuadas na relação  do espaço-origem, na hierarquia social  , ainda que insigne, do catolicismo local. Com diferenciações  de certa forma aceitas como uma espécie de pacto social informal de "pureza e origem", entre os moradores da margem de baixo e de cima da BR 101. Lembrando as relações  tribais trazidas da África  e que permaneciam nas senzalas...

3,3- VESTUÁRIO; NÃO  FIGURINO!
Um dos fenômenos  abordados pelo cronista alemão, é o tradicional bermudão alpino-bávaro, usado aqui nos trópicos  sulistas. Ele diz que trata-se de uma vestimenta específica  regional, que não  se coaduna  com uma "nacionalidade" teutônica  generalizada.
É  como um brasileiro visitar uma colônia de conterrâneos  em Berlim e lá  só  tocar samba, servir feijoada e mulatas dançarem  seminuas com penas e paetês  e isso ser exibido como "a" cultura brasileira  e não  "uma" das culturas do povo do Brasil.
No caso em tela, descrevemos as roupas usadas pelos caiçaras  numa postagem do blog, mas afirmando a ligação  de cada descritivo da peça  têxtil  -feminino e masculino- com o cotidiano:
http://causasecausosangradosreis.blogspot.com.br/2017/03/vestimentas-do-povo-caicara-mulheres.html?m=1

Temos de atentar para que o folclore não  se desligue do chão ancestral  e do tênue fio entre  tradições e sazonalidade inventiva artificializante.
Caiçaras sim, mas não  fantasiados.

4-CONSIDERAÇÕES  FINAIS
O GFT só  se apresenta uma vez ao ano, durante a Festa da Santa Cruz, desvinculando- se cada vez mais de suas raízes  cotidianas, comunitárias  e da roça.
Resgatar sim, mas sem idealizações!

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AGRADEÇO PELA CONTRIBUIÇÃO!
AGORA VOCÊ É UM CAIÇARA!